sexta-feira, 26 de março de 2010

Sobre o filme Lado a Lado

Amigos, estou totalmente destruido de trabalhos e pequenas bobagens. Não consigo mais sentar, me deprimir e simplesmente escrever para esse blog. Estou tentando, isso é verdade. A página de rascunhos está cheia de contos não concluidos, mal-pontuados, frageis em argumentos.Não gosto disso. Não irei posta-los jamais.O texto abaixo é para um blog que tive em parceria com a minha amiga Camila Karina e o meu outro amigo distante e desconhecido Ryzzan, o texto era uma resenha sobre o filme Lado-a-Lado. Não conseguir chegar ao objetivo final , que era apenas falar sobre o filme, ao invés disso, fiz um melodrama retardado e hediondo sobre o aspecto mais traumatizante da minha vida.Enquanto não tiver o que por, nem escrever aqui, colocarei isso.Nem precisava justificar, mas justifiquei. Tenho essa mania. Odeio vocês. Eis a resenha:


Em 2005, toda a guerra hipócrita que a minha tia mais velha travou contra o câncer chegou ao fim. Desde o inicio, ela sempre soube que tinha poucas chances contra a doença, no entanto, o instinto de sobrevivência vem sempre em primeiro lugar (Kurt Cobain discorda). Na mesma epoca, eu fui meio que forçado a morar em Belem para fazer as coisas como vestibular e etc. O sofrimento causado por tais escolhas e dilemas não foram suficientes para que Deus realizasse a sua masturbação diária, então, fui obrigado a morar com a minha tia e a minha vó por 3 longos meses.

Lembro muito pouco dessa época (ainda bem) , mas recordo de momentos horriveis e desesperadores como a sessão de cinema envolvendo o filme Lado a Lado. Uma prima de segundo grau , psicóloga, recomendou que a minha tia tivesse uma espécie de entretenimento reflexivo , ou seja, ela passaria por um momento de grande diversão e em seguida, refletiria sobre a terrivel, desesperadora e cruel situação em que estava . Então, fomos alugar filmes.

Minha prima de segundo grau alugou um filme chamado "Terminais?", que tratava de várias histórias de pessoas pálidas, decrépitas e com um sorriso cheio de morfina no rosto, contando lindas histórias edificantes. Minha irmã alugou Velozes & Furiosos e foi repreendida( em segredo) por não seguir a proposta da dinâmica familiar. Eu me recusei a alugar alguma coisa e fiquei no carro, rezando para que um meteoro caisse em minha cabeça. Minha mãe alugou Lado a Lado.

Quando o sol se pôs, começamos a nossa sessão. Minha prima explicou para a minha familia de parasitas sugadores como era a dinâmica. Todos, inclusive a doente, pareceram realmente desinteressados. O primeiro filme foi "Terminais?". Não lembro o durante do filme e acho que não tenho vontade de me lembrar, assim como não se o nome do filme realmente é esse. O segundo filme foi Velozes & Furiosos. Um primo meu tentou explicar o que era um carro tunado, mas, foi cruelmente interrompido. Afinal, ele não falou de cancer e desgraça.

Depois veio Lado a Lado. Esse filme tem duas questões para se abordar. Primeiro: Quem disse que a Julia Roberts é boa atriz? A atriz bocuda, feiosa , sem-graça e antipática sempre faz o papel de mulherzinha chiliquenta e antipática em todo o filme imundo em que ela ousa participar. Vale a pena lembrar que o unico papel realmente marcante dela foi o de uma puta apaixonado pelo Richard Gere, o galã mais sem sal de hollywood.

Segundo ponto, para quem são feitos esses filmes de mensagens edificantes envolvendo pessoas prestes a morrer? "Filme de câncer" como diria a minha mãe. Tenho certeza que não são feitos para os doentes. Minha tia morreu 3 meses depois daquela sessão de cinema com um tumor que lhe deformava o rosto, inconsciente e delirante...Tenho a impressão que ela não deve ter lembrado nem um momento de Lado a Lado. Nem quando descobriu que o capeta tinha a cara da Julia Roberts.

Postado por Igor Reale

3 comentários:

  1. Como sempre devo parabenizá-lo pela bela escrita. Consegues traduzir muitos sentimentos e situações de forma impressionante.
    Não sou escritora, mas gosto de ler. E pra mim, esta foi uma bo a leitura.

    Abraços,
    Ellen Ribeiro *-*

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  2. Caralho Igor! Tu és o doido varrido mais safo que eu conheço. Porra, “Lado a Lado” para um doente de câncer é como “Antes de partir” (com Jack Nicholson e Morgan Freeman, que por sinal é muito bom), ou seja, uma verdadeira sessão de tortura emotiva.

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  3. Tudo cheio de uma morbidez carismática e poética (?), impossivel não querer ler mais contos.

    Camila Karina

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