tag:blogger.com,1999:blog-44207960720061693992024-03-14T01:11:18.801-07:00Mortos e FeridosIgor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.comBlogger34125tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-77053941196410619882012-08-21T17:19:00.003-07:002012-08-21T17:19:50.434-07:00Feliz aniversário, rock'n roll.<br />
<div class="MsoNormal">
Nos dias treze, quinze e dezesseis, a cidade de Macapá
comemorou alegremente o dia mundial do rock. Todos vestidos de preto, com muita
“atitude” e toda aquela idiotice que o
capitalismo atribuiu ao rock nesse longo e estúpido processo de comercialização das coisas que algum dia
já tiveram vida própria.</div>
<div class="MsoNormal">
Em Macapá, o evento foi divido em três dias (o que eu citei
acima). O terceiro dia surgiu após um dilúvio que quase destruiu o palco no
anfiteatro da fortaleza. A catástrofe natural também adiou a headline do
evento, a banda Dr Sin (?). Eu também
não sei quem é, mas quem ouviu, gostou.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O primeiro dia foi realizado na praça da bandeira. O
movimento independente do qual eu participo ( Liberdade ao Rock) cuidaria das
burocracias que envolvem utilizar um espaço público. Esse trabalho consiste em
conseguir autorizações, entrega de ofícios e tudo mais. Nada que as pessoas que
participam do movimento não tivessem feito mil vezes. Eu e a equipe da
comunicação do Liberdade participaria da cobertura do evento.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os tropeços começam aí...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não houve comunicação entre a equipe de comunicação do
evento para com as outras equipes responsáveis pela mesma tarefa no bendito
evento. Nos três dias do evento. Em um evento de proporções tão gigantescas
(sim, fazer algo na beira do rio, para os padrões amapaenses, é gigantesco), as
equipes deviam estar no mínimo sincronizadas. Isso garantiria um rodízio
saudável de pessoas no palco para o registro do evento e também manteria o povo
informado do que diabo seria realizado nos dias trezes e quinze. Para ilustrar
melhor as coisas, na véspera do evento, ninguém sabia que horas devia se chegar
à praça da bandeira para apreciar as
apresentações.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aliás, quanto à hora do evento... Mais problemas. Começou
quase duas horas depois do tempo previsto. Muitos jovens rock stars seriamente
irritados por não poderem mostrar ao público o seu trabalho. Infelizmente, o
espetáculo devia continuar sem eles. Pelo simples fato de que havia dezoito
bandas para tocar e o tempo ( coisa que ninguém deve ter levado em conta no
planejamento do evento) urge. Sobrou para os rapazes do Liberdade ao Rock
ouvirem muita, muita indignação dos jovens artistas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E assim, os shows começaram na praça da bandeira. Muitas
bandas redundantes, um cover corajoso de Lady Gaga, um “Parabéns para você”
cantado em vários tons diferentes, um Bilhão de bandas de metal completamente
parecidas , um palco com uma iluminação completamente equivocada e muito gelo
seco para sufocar quem estivesse por ali transitando, refletindo sobre a vida,
pensando no início do mundo, quando todos nós éramos bactérias</div>
<div class="MsoNormal">
.</div>
<div class="MsoNormal">
A completa falta de banheiros públicos na praça da bandeira
criava uma igualdade entre os sexos involuntária. Todos tinham que ir ao muro
do colégio Amapaense. O Liberdade ao Rock, um evento realizado com um mínimo de
recursos possíveis já tenta há vários meses conseguir mictório. Um evento dessa
magnitude poderia, no mínimo, substituir o bendito gelo seco por um ou dois
banheiros públicos para as damas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A mesma preocupação poderia ter sido relevada em relação à
segurança. O pau comeu na praça da bandeira. Só a equipe do Liberdade ao Rock
separou cinco pés de porrada. Todos esses, aliás, com um intervalo mínimo de
tempo entre um e outro. O espírito da sexta feira realmente dominava as coisas
naquele dia. Espírito esse que podia ser contido com uma viatura de polícia.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não lembro direito do dia quinze. Eu estava mais ocupado
tentando me secar do que enumerar qualidades e defeitos. No dia dezesseis, eu
estava seriamente gripado. A minha análise das festividades do dia mundial do
rock termina aqui. Eu só posso parabenizar a equipe do Liberdade ao Rock pelo
simples fato de que eu vi mais pessoas com a nossa camisa vermelha agindo no
bom funcionamento do evento do que qualquer outra pessoa.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esses pontos negativos, infelizmente, devem ser ressaltados.
É difícil exigir uma mudança de postura da sociedade em relação às pessoas que
se vestem de preto e gostam de rock, quando os eventos realizados para essas
carecem de tantos pontos fundamentais de organização. No mais, parabéns a quem
organizou. O rock está morto.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-11860311431463489082011-11-19T22:01:00.001-08:002011-11-19T22:04:22.668-08:00O mesmo sonhoEssa noite de novo. O mesmo sonho. O passado. O passado feliz.Todos felizes. O sol não tão quente. Os dias não tão amargos. O rio transbordando. A água inundando tudo. Os corpos boiando de novo. De novo. Essa noite. O mesmo sonho.Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-26463756128893469522011-09-29T16:57:00.000-07:002012-06-22T01:08:03.119-07:00O fim de todas as coisas vivas 1 de 9: O banco de concretoNo inicio do ano, eu precisei viajar para Belém. Odeio aquela cidade e ela sabe disso. Por isso, sempre que piso no solo paraense, sou acometido por alguma doença horrível ou atingido por alguma catastofre similar. Dessa vez, foi diferente. Não aconteceu nada, pelo menos comigo.Na verdade,preferia que tivesse acontecido comigo. Sou acostumado com os golpes terríveis que a vida me dá ( talvez seja pelo fato de eu estar sempre seriamente bêbado quando eles são desferidos) e por isso, eu ligo pouco para eles.Blábláblá Já estou fugindo do assunto. Vou logo pular todo o meu lamento para facilitar a vida do leitor.<br />
<br />
Na minha curta estadia em Belém, eu costumava sentar em um certo banco, em uma certa esquina e fazer coisas idiotas que eu fazia na minha casa em Macapá e não fazia na minha casa em Belém pelo simples fato de não sentir que aquela casa era minha. As minhas atividades nesse banco eram contar dinheiro, falar sozinho e me sentir terrivelmente só e desolado nesse mundo tão cruel. Eu costumava a visitar ele nos dias de sabado e domingo.Ele era o meu único refúgio na triste Belém do Pará que fede a mijo e sonhos destruídos eternamente.<br />
<br />
O banco foi arrancado do lugar que ele ficava por algum guincho gigante ou sei lá o nome daquela máquina medonha com garras. Quando eu o encontrei, ele era uma pilha de concreto e metal retorcido. Havia fezes de cachorro entre as ruínas do meu porto seguro. O horror havia levado outra coisa que eu amava de mim. Um morador estava alimentando alguns pombos sem fome. Eu fui até ele. Ele disse que o lugar que o banco ocupava serviria agora para alojar um caixa eletrônico do Bradesco.Ele estava bastante feliz por isso, o neto menor poderia ajuda-lo com as operações básicas de saque e extrato.Fazia anos que os moradores do bairro estavam pedindo um caixa eletrônico para essa área.<br />
<br />
E o banco, eu perguntei.<br />
<br />
Ele me disse que ninguém nunca notou que estava ali.<br />
<br />
<br />Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-3703409848229625912011-08-28T11:48:00.000-07:002011-08-28T11:48:57.077-07:00Dentes.Hoje, eu acordei sem o meu dente número 17. Eu tenho um problema crônico na minha arcada dentária, metade dos meus dentes são restaurados e tem partes falsas.Quem já sonhou em perder os dentes sabe o quanto a situação é horrível, angustiante, fora de controle. Quem perde os dentes acordado tem uma sensação mil vezes pior.Eles nunca mais voltarão.Você nunca mais poderá comer o chocolate Talento. Minha mãe é dentista e sempre frisou a importância da higiente dental. Eu nunca liguei.Os meus dentes não resistiram ao meu vicio em Halls. E eu comecei a usar halls por que a pastilha benalet estava prejudicando a minha faringe.<br />
<br />
Meu corpo perde a luta contra os meus vícios. Eles se acumulam cada dia mais. Bronco-dilatadores, anti-alérgicos,pastilhas, analgésicos e tudo mais que se pode engolir.Eu estou perdido. Eu li em algum lugar que o homem, para viver com dignidade, só deve viver até quando os seus dentes sobreviverem. Minha vida avança em progressão aritmética, meus dentes caem em progressão geométrica. Eu vejo os homens lindos da televisão, eu vejo a glória deles, eu vejo os barcos brilhantes, os carros luxuosos, eu vejo os dentes deles.Invejo o dentes, não invejo o resto.Não sei velejar, não sei dirigir. Só quero meus dentes de novo.Só quero poder ter a sensação de poder mastigar, mais uma vez, chocolate talento.Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-18356541491535440612011-08-06T15:12:00.000-07:002011-08-06T15:12:35.193-07:00A gaiola das aves mortas<div style="text-align: justify;">Tudo começou com a morte do primeiro periquito. Ele estava velho demais.Dos 65 periquitos da gaiola, ele foi responsável por quase 45% deles. Um dia, ou noite, ele simplesmente caiu no fundo da gaiola.Quando o dia amanheceu, ele já estava com as órbitas dos olhos cheias de formigas e outros insetos. Nós retiramos ele da gaiola e o enterramos no fundo do nosso quintal. Com ou sem aquele túmulo entre as mangueiras, o bichinho ia se decompor mesmo. Mas o cheiro iria incomodar o meu pai, incomodar os outros periquitos confinados e incomodar o perfeito daquela habit falso que era aquela imensa gaiola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As outras mortes foram acontecendo logo depois. Pelo fato dos periquitos ficarem na mesma gaiola e terem como companheiros sexuais apenas primos e irmãos, as novas gerações iam nascendo cada vez mais fracas, cada vez mais aptas a doenças horriveis.Uma vez, um ovo não chocou junto com os outros, quando nós abrimos um liquído negro horrível escorreu da casca e um pequeno periquito deformado caiu aos nossos pés. Meu pai era um homem católico, os pais dele eram católicos. Será que ele não sentia a caracteristica culpa dos católicos por aqueles pobres animais?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Certa vez, uma chuva forte virou a gaiola. Os pássaros dentro dela enloqueceram. Mataram uns aos outros. O horror. Quando o dia amanheceu, havia menos de 15 periquitinhos vivos, todos seriamente feridos.As penas e os cadaveres dos mortos estava grudada ao chão da forma hedionda possível.Uma aquarela de sangue e penas de todas as cores possíveis. Sim, seria bonito se não tivesse cheiro e se não tivesse tantas formigas para ferrar os nossos pés. Aquela deve ter sido uma semana boa para as formigas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os periquitos foram levados para uma gaiola menor. Eu invejava o zelo que o meu pai tinha com aquelas aves. Cada morte, cada ferida infeccionada tirava lágrimas do rosto sempre severo dele. O mesmo valia para os outros animais da casa. Até para os patos que iriam encontrar a morte na ceia de natal.As feridas e constante umidade reduziram os periquitinhos a 3. Estes se curaram da última grande desgraça que ceifou a vida dos seus irmãos, pais, filhos, sei lá.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas não por muito tempo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No fim do meu ensino médio, o último morreu.Dois anos depois da desgraça que levou os seus amigos, irmãos, primos, filhos, pais, mães, companheiros de cela. Morreu duro no fundo de uma gaiola pequena.Os olhos não foram devorados por formigas. A gaiola era suspendida bem alto. Meu pai estava viajando. Coloquei a ave morta dentro de um saco de lixo e joguei dentro do mesmo saco em que nós recolhíamos o lixo dos banheiros. Fiz uma cova de mentira para o bicho entre as mangueiras. Meu pai chegou, lavou a gaiola e comprou outros periquitos. </div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-50077874027431760232011-07-23T10:03:00.000-07:002011-07-23T10:03:15.705-07:00O texto sobre a festa de animes que devia ir para o Blog Sou do Norte (mas não foi)<div style="text-align: justify;">Atenção: Esse texto nunca foi publicado no Blog Sou do Norte. Ele é da minha total e completa autoria e responsabilidade. O texto é sobre as impressões que eu tive do evento chamado Amapanime e que, por razões óbvias, eu nunca tive coragem de mostrar a minha querida amiga Camila karina. Aí vai :</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>O inferno fede a punheta</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Acabo de voltar do evento Amapanime. Estou sem internet. Ainda estou com o olho roxo. Meu nariz<b> </b>ainda sangra. As aftas que me impediam de mastigar e engolir a minha refeição desapareceram.Agora, eu posso beber agua, agora eu posso, finalmente, ficar livre do anestésico tópico que a minha mãe me deu para abreviar a dor insuportável que as aftas provocam.Ele era bastante eficiente. 15 minutos de dormência. Depois, a dor voltava pior.Muito pior. Isso é passado agora. Desse terrível só resta pequenas marcas embranquiçadas no meu lábio inferior.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando nós chegamos no Amapanime, o relógio marcava 16 horas e alguma coisa. O sol ainda estava muito forte. Não nos cobraram entrada. Acho que a organização do evento já estava cansada demais para ficar embaixo do sol cobrando quilos de arroz , feijão e toda essa merda.Minha mãe nunca gostou de ir em eventos que a entrada é o quilo de alguma comida "não perecivel". Ela acredita que o profissional que respeita o seu trabalho, cobra por ele.E cobra caro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O amapanime estava dividido em dois públicos. O público que gosta de anime e que se sujeita as mazelas de gostar dessas coisas( exemplo:se vestir de majin boo sob um sol escaldante, pular em um tapete idiota fazendo poses constrangedoras e muito mais). O outro público é o que veio ver as bandas ( que estavam muito atrasadas).Esse tipo de iniciativa de colocar dois públicos em um evento feito especificamente só para um é,no minimo,desastrada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na verdade, eu sei lá se é desastrada ou não. Eu, Igor Reale Alves, sou um exemplo de vergonha alheia.Uma dia desses, eu estava andando na rua, quando eu percebi que estava indo no mesmo caminho que uma mulher e sua pequena filha de quatro anos. Eu continuei andando atrás delas e as duas aceleraram o passo com medo de mim. Muito medo, aliás. Era quatro horas da tarde. A hora dos pedófilos passearem de carro pela cidade, observando a doçura sem fim das crianças, o seu sorriso inocente, as suas roupinhas coloridas. Voltei para casa e imaginei como seria se eu estivesse fantasiado de majin boo ou algo do tipo? Fiquei pensando nisso por um bom tempo e depois parei.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Queria que a minha internet estivesse de volta. Minha internet sempre foi uma boa companheira.Tenho certeza que ela seria uma boa companheira agora.Estou viciado em realitys shows comportamentais do discovery health & people.Supernanny é o meu favorito. Durmo e sonho com os meus filhos imaginários aprontando peripécias terríveis que eu não sei como controlar.Então, eu chamo uma gorda de óculos e sotaque inglês. Ela me repreende por ser um péssimo pai para os meus filhos. Ela me põe no banco de castigo, me dá uns tapas, me deixa com olho roxo, caga no chão e me força a lamber. Sim, depois disso eu serei disciplinado. Para sempre. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b> </b> </div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-74123829609588718532010-12-24T12:24:00.001-08:002010-12-24T12:24:33.839-08:00O calendário<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx" rel="themeData"></link><link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml" rel="colorSchemeMapping"></link><style>
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<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No lugar do vasto sítio que ela ocupava no Amapá, a minha bisavó ocupou um pequeno quarto na casa da minha avó aqui em Macapá. O quarto tinha uma cama, uma mesa, umas cadeiras e um calendário que um dos filhos deu a ela. O calendário tinha uma foto de uma casinha de madeira no meio de uma floresta. Minha bisavó sempre apontava para o calendário e dizia que parecia com o lugar que ela morava antes. Havia uma frase embaixo da foto, mas ela não sabia ler.</div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Distante do verde do campo, do ar puro, das vacas, dos bezerros e dessas coisas em geral, a minha bisavó se tornou um tanto cruel e mesquinha. Ela passava o dia todo humilhando a empregada negra, comparando a pobre mulher com uma vaca de cor preta que havia morrido soltando pus das tetas. Para evitar processos e coisas assim, a minha vó sempre argumentava com os ofendidos, explicando que a idade fazia isso as pessoas.</div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Depois de completar 89 anos, minha bisavó sofreu um colapso e ficou vários dias em coma. Os filhos achavam que ela não iria passar dessa e começaram a dividir a herança, uma tia minha tirou um cordão do pescoço da moribunda e deu para uma das filhas. Outra levou a mobília do quarto deixando só a cama, outro tomou posse dos lençóis de linho que a minha bisavó havia bordado na juventude,quando ela possuía uma longa trança loira e andava de cavalo pelos campos do Amapá, uma terra virgem naquela época.</div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Uma porca de porcelana, que continha jóias e coisas do tipo, foi espatifada no chão e o conteúdo foi divido entre os filhos e netos. Mas minha bisavó não morreu. Um dia, ela recobrou a consciência. Ela não reconhecia os filhos que estavam no pé da cama. O médico disse que era Alzheimer, uma doença que destrói a memória das pessoas pouco a pouco.Ela já tinha a doença há muito tempo, mas esse foi o colapso final da doença, aquele que o ser humano esquece que é ser humano.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Minha bisavó tem uns noventa e sete anos hoje mas não anda, não fala, não pensa, não lembra que tem que fazer cocô e precisa usar fraldas. O calendário , citado no ínicio do texto, foi jogado fora há muito tempo. No lugar dele, há um outro com São Sebastião, amarrado em uma árvore, cravado de flexas. Dramático mas sem significado igual a vida da minha bisavó.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-50757364791542446262010-12-14T23:30:00.000-08:002010-12-14T23:30:06.432-08:00Deus é firmamento<div style="text-align: justify;">Deus salvou a vida de muitos conhecidos e parentes meus. Esses homens e mulheres ou eram doentes sexuais ou alcólatras no fim da linha. Deus salvou todos eles. Depois do salvamento, o nome do rei dos céus virou uma vírgula nos seus depoimentos para os incautos que ainda não conhecem a palavra. Nunca recebi essa palavra. Não sou degenerado o suficiente para servir de propaganda de salvamento divino.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Minha cadela pandora sempre engravidava. De seis em seis meses, o nosso quintal ficava empestado de cheiro de merda e filhotes.Essa era uma das poucas épocas felizes que eu tenho lembrança na minha pobre, ridícula e patética vida. Os filhotes eram lindos. Apesar das opiniões contrárias, eu também achava a minha cadela bastante bonita e os filhotinhos seguiam o mesmo padrão de beleza. Na verdade, a mulher que eu considero mais bonita foi a minha falecida cadela.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em uma manhã qualquer, um pequeno buraquinho apareceu em um dos filhotes da pandora. A nossa empregada foi nos mostrar, ela disse que se tratava das larvas da mosca varejeira. Minha mãe disse que amoxilina resolveria o caso e curaria o filhote. Que bobagem. Amoxilina é antibiótico, não vermífugo.As larvas proliferaram. Nós o separamos dos outros filhotinhos sadios. Eu , inocentemente, jogava mais e mais amoxilina dentro do buraco. Oito da noite: o cachorro gritava de um jeito terrível. A pandora não deixava ele chegar perto do resto da ninhada. Ela o ameaçava com os dentes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Amanheceu. Um pastor mostrava a história de vários homens e mulheres redimidos da doença, do pecado, da miséria, dos vícios, da falência. Todos eles apareciam na tv com uma aparência ótima: cabelos penteados, óculos, vestido, blusa social e tal. Talvez Deus os tenha salvo devido a essa capacidade desses homens e mulheres espalharem a palavra Dele para outros desgraçados.Propaganda é a alma do negócio.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O cachorrinho não conseguia mais andar pela manhã.O buracos já estava grande demais. Nos seguramos ele pela cabeça e arrancamos as larvas com um pinça que tinha aqui em casa. O cheiro era terrível. Na hora, lembrei do programa que vi na TV e rezei para Deus salvar aquela pobre criatura. Uma hora depois ,o cachorro vomitou meio quilo de vermes ,um litro de sangue no colo da minha mãe e depois morreu. Ficamos meia hora olhando o filhote, colocamos ele dentro de um saco preto, lavamos a área que ele ficou com agua sanitária e depois saímos para lanchar na rua.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-77714098797937253232010-09-30T00:55:00.000-07:002010-09-30T00:59:05.145-07:00Magave 1 de 8: A base aérea do Amapá<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: 0px; margin-right: 0px; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizBd864rwh1gAfsQsaqQA5SdIRKBRCOSxfeHgcH48fsl3opUd3rXL-YemTX5fM890OmsmvxOZVZ22y41yAS5g-W3n1hA0QkWLtCehCDvp83gSIcPkS-jtdC1MjAQIgdvD01M4U3WsHlXY/s400/BaseAerea2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dirígivel pousando na base aérea do Amapá. </td></tr>
</tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizBd864rwh1gAfsQsaqQA5SdIRKBRCOSxfeHgcH48fsl3opUd3rXL-YemTX5fM890OmsmvxOZVZ22y41yAS5g-W3n1hA0QkWLtCehCDvp83gSIcPkS-jtdC1MjAQIgdvD01M4U3WsHlXY/s1600/BaseAerea2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Quando eu, finalmente, consegui coragem para ir na casa dos Magave</span>, <span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">o nosso trabalho já estava fadado ao fracasso.Tínhamos um plano ambicioso para a nossa conclusão de curso: íamos nos aproveitar da sede de sangue e formatos estéticos para contar de uma forma totalmente diferente, a a história da família Magave.Foram cinco longos meses morrendo na praia, se fodendo e , diferente das outras histórias edificante que eu ja tinha lido na minha vida, e as coisas estavam bem longe de terminar.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Bem, antes de dar inicio ao making-of mais triste da história da humanidade, eu irei explicar de onde tirei a minha triste idéia. Tudo começou em mais um dia improdutivo na faculdade de jornalismo, um curso que eu escolhi por pura falta de opção e para diminuir a minha sempre tão terrível melancolia.Comecei a fazer esse curso em 2006, um ano depois do horror terrível que consumiu a minha alma em outra cidade. Uma época em que qualquer horror era incomparável e a dor do meu ser atingia níveis críticos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">No anterior a 2006, eu fui passar um curto período de 3 meses na casa da minha vó materna. Eu e a minha tia moribunda. Esse periodo compreendeu o dia dos finados ( que a minha tia dizia já comemorar como se já estivesse morta), o natal ( que ela fazia questão de dizer a todos que seria o último), o ano novo ( que ela dizia ser o ano final da vida dela, me fazendo ter uma séria crise de ansiedade e asma), o aniversário da minha tia( que ela se recusou a tirar fotos por causa da careca), o meu fracasso no vestibular ( que ela já dizia que já sabia que ia acontecer, pois ela me considerava um retardado), a perda da virgindade do meu primo ( que a minha tia espalhou para a família toda no almoço) e a própria morte dela( que eu não vi).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Nesse período, a casa da minha vó se enchia de parentes que gostavam de prestar solidariedade a semi-morta, crentes oportunistas, crianças e eu. Havia pessoas estranhas visitando a casa, pessoas bem estranhas. Duas, eu gostaria de destacar. A primeira era os vendedores de NONI.Um suco de fruto com poderes medicinais que eu sei bastante pouco, mas pesquisei na internet para fornecer aos leitores desse blog, uma noção do que é. Então vamos lá:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><b><i>"O suco Tahitian Noni não é um medicamento.<br />
Seus inúmeros benefícios para a saúde advêm de seu altíssimo valor nutricional. Ele é um alimento natural. Além dos aspectos nutritivos básicos (balanço calórico, protéico etc.). <br />
Também pode ser considerado um complemento alimentar bastante completo, possuindo uma grande variedade de nutrientes e micro-nutrientes, dentre eles a proxeronina, cujos benefícios para a saúde são facilmente notados pela imensa maioria das pessoas que utilizam o suco por tempo suficiente para suprirem suas deficiências nutricionais. A verdade é que hoje em dia, quase todo mundo tem algum tipo de carência e desequilíbrio no que se refere à sua nutrição. É por esse motivo que as pessoas doentes (seja qual for a enfermidade) costumam beneficiar-se do suco Tahitian Noni. Muitos de seus sintomas se atenuam ao fazerem uso do suco, o que acaba por confundi-las, fazendo com que pensem que o suco as curou. Entretanto, a verdade é que essa melhora é o resultado da ação reconstituinte do Noni, que ao nutrir adequadamente as células, faz com que o organismo recupere seu funcionamento harmonioso, que se traduz em saúde e sensação de bem estar. Isso se deve não apenas à xeronina, mas à ação sinérgica dela e dos demais constituintes do suco Tahitian Noni."</i></b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Os vendedores de None apareciam sempre em todo sexto dia do mês. Uma mulher com uma aparência desgrenhada descia de um Pallio com uma grande mala. Eu e os meus primos ajudávamos a carregar a mala. Ela não agradecia. Havia um ar idiota e superior no rosto dela que era acentuado pelo nariz empinado .</span><b><i> </i></b>O <span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">marido vinha logo atrás, sempre atrás.Destratado pelos 6 degraus que compunham a escada que dava o acesso a casa da minha vó, ele afirmava que a esposa fazia isso apenas para se mostrar para os estranhos, pois na cama, ela ficava bem quietinha a espera do pau dele. "Coisas de mulher rá rá rá" ele dizia.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">A mala era arrastada até o quarto que ficava a minha tia. A mulher que vendia o NONI era xingada pela minha tia por fazer tanto barulho, por usar um perfume tão forte, por causa do leve cheiro suor que ela emanava por sair do carro e subir as escadas de concreto. A vendedora de NONI ria e dizia que a carequinha era braba demais, mas o NONI iria resolver isso.Então ela tirava uma garrafa com um líquido vermelho com uma etiqueta de um havaiano segurando um cacho de algo que parecia uvas vermelhas. Quando a garrafa era destampada, o conteúdo emanava um ar doce pelo quarto. Minha tia sentia ânsia de vômito e algum primi meu corria com uma pequena bacia para acudí-la.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O fato é que o NONI, de certa forma, exercia uma pequena melhora na minha tia. Os lábios ganhavam cor novamente e , raramente, ela abria um sorriso.Nós tentávamos rir com ela, mas eramos repreendidos pela sua vilania sem fim. Infelizmente, a quimioterapia tornava o NONI intomável. O cheiro doce esbarrava no enjôo sem fim do procedimento. Todas as ávores do Havaí que cresciam na mente do usuário pareciam secar até a morte. Os troncos pareciam ficar opacos, o céu azul parecia perder a cor e os amantes, na beira da praia, se contorciam com uma dor sem fim. Os olhos saltavam das órbitas e o horror dominava aquela terra vírgem.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Os segundos visitantes eram de uma pequena igreja, formada recentemente no Pará.Mais uma. Igreja do diagrama divino. Fundada em 1956, pelo missionário João Batista figueredo, a igreja conta com bastante fiéis no Brasil inteiro. Tudo começou quando uma das filhas do fundador caiu doente em uma bela tarde. A família era bastante católica e rezou bastante para a cura da criança, o que não deu muito certo, pois a criança morreu logo depois, engasgada com o próprio vômito, depois de ter tossido bastante.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Durante o enterro da criança, o pai sentiu fortes dores na região do abdômem por muitos e muitos dias. Ele foi levado para o hospital e depois de alguns exames, foi constatado que ele possuía a mesma doença da filha( e mais uma úlcera). Ele passava o dia todo consumido pela doença e pelos remédios. Nas alucinações mais loucas, a filha vinha direto do mundo dos mortos e lhe fazia um delicioso e suculento sexo oral. A filha dizia para ele algumas palavras sábias, mas ele não entendia por causa do pênis que entupia a boca da criança.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Um dia, a dor alcançou níveis horrendos e ele começou a gritar. A esposa, incomodada, saiu de casa e começou a gritar por ajuda na rua até parar e comer alguma coisa na lanchonete da esquina. Ele ficou lá , no quarto, sozinho como todo homem,fechou os olhos com tantas força que um desenho apareceu, quando ele abriu os olhos. Esse desenho:</span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: 0px; margin-right: 0px; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_OFv3C3oxTWrFp2tSBTH6H2k8SYEh_l5kgFKoz2LkqVoJANgpxN2d0JEe_uW23fLPegylLmZxHYC0ad0aC8WmDhoDXxxGqwsjdSFNgdZIVY9cghjmbWZOl94ti_odm1H25sBYKQxguUY/s320/imagem.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O círculo da dor e as suas mútiplas camadas</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br />
</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Bem, não havia esses numeros e tal, mas o círculo de camadas apareceu dessa forma em sua visão e permaneceu o suficiente para ele transcrever em um pequeno papel. Uma coisa notável no círculo era que, dependendo da situação, certas camadas pareciam se destacar mais que as outras. Abatido pelo luto e pela doença, a região número 3 pulsava com mais força na sua vista.Bem, vou parar de contar a história da igreja, pois eu ainda tenho que falar do meu próprio drama pessoal e, pelo menos, iniciar a triste história que envolve eu e a também triste história da família Magave.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Por isso, vou explicar a idéia central da igreja. As camadas de dor mostram o quanto o homem está distante de Deus e cego pela própria dor. A missão da igreja, então, é fazer o fiel se livrar da redoma interminável desse terrível circulo e iniciar uma nova vida, onde unicórnios comem mato no quintal e tudo mais.Coisas que toda religião promete.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">A primeira visita aconteceu em um dezembro realmente chuvoso. Seis pessoas de terno, desceram de um um kombi. Eles subiram os degraus que davam acesso a casa da minha vó. Uma mulher baixinha e gorda reclamou da coluna e foi repreendida por um irmão de igreja. "Quem acredita, não reclama". Minha prima abriu a porta para eles. No entanto, o portão que ficava antes da porta, estava cheio de cadeados. Começou uma chuva. Os evangélicos foram se ensopando enquanto a minha prima procurava pelos cadeados. "Quem acredita não se molha" disse um deles.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Quando eles finalmente conseguiram entrar na casa. A minha vó deu toalhas para se enxugar e ofereceu um café para eles esquentarem o corpo. A irmã gordinha aceitou. O chefe da comitiva perguntou para ela em que camada ela estava no círculo. Ela fechou os olhos e visualizou a pequena casa de madeira que ela morava na periferia daquele lugar, viu os filhos, o marido desempregado, a cadela Léssi e o círculo foi se formando. Ela começou a chorar e se contorcer no chão. O horror no rosto dela era visível. Os outros irmãos começaram a gritar de dor em solidariedade a irmã. A chuva lá fora piorava.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O chefe da comitiva desenrolou um papel com um circulo com umas dezessete camadas. Ele perguntou da gordinha, que ainda se contorcia, em qual camada ela estava. Ela apontou a camada número 12, azul claro. Sim. O azul claro das manhãs sem sol, onde os bois pastam, as borboletas voam sobre as floreso, o orvalho seca nas folhas. Todo milagre do mundo acontece nas manhãs de azul claro. Davi, o pastor anda pelos pastos, comtemplando a obra do Criador. Uma ovelha se fere em um espinho. O espinho se infecciona e mata a ovelha algum tempo depois. O cadáver apodrece entre as ovelhas que acabam morrendo também. Agora, todas as ovelhas apodrecem ou agonizam no pasto. Davi viu a morte, Davi perdeu a inocência. O gigante Golias tomba sobre a terra. Davi agora é rei. Davi manda Urias para morrer na guerra. Bate-Seba deita, nua, no divã. O pecado destrói a estrela de seis pontas. O servo toca na urna sagrada e morre. Natã aponta o dedo acusador para o sucessor de Davi.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">A pequena crente para de contorcer. O chefe da comitiva explica a ela que quem acredita não tem convulsões. Ela acena a cabeça concordando. Eles se dirigem para a cama da minha tia, que, agora, não passa de um pequeno reflexo do que já foi no passado. A cabeça sem cabelos, o corpo magro demais, a voz asfixiada, o braço queimado na radioterapia. O papel com o círculo é grudado na parede e aquelas pessoas explicam a minha tia como funciona. Minha tia não ouve mais. Se Deus é responsável pelas coisas, ele foi realmente cruel com ela. Ela os enxotou do quarto e ficou chorando durante meia hora. As pessoas que ficavam com ela estavam meio entediados das mesmas cenas sempre, por isso só restou a eles darem um longo e triste suspiro.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O chefe da comitiva explicou a minha vó que o trabalho demoraria para surtir efeito.Em maio, eles voltariam lá. Em maio, a minha tia ja estava morta. Seriamente traumatizado, eu voltei para Macapá( estou odiando essas novas configurações do blogger)e ingressei na faculdade de jornalismo.Foram três anos e meio de completa inutilidade. Eu sempre me espanto com a minha capacidade de ser um completo idiota em tudo o que eu faço. No último ano, eu ingressei no coletivo palafita e tive a minha incrível idéia para o tcc. Um quadrinho contando o hediondo destino dos Magave, uma família do município do Amapá. Para isso, eu contei com a minha parceira Danielle( que sofreu bem mais que eu no processo do trabalho) e muito azar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Nossos trabalhos começaram no segundo semestre de 2009. A pobre Danielle se deslocava do extremamente longíquo bairro Universidade para a minha casa no Cabralzinho. Em todos os nossos encontros, eu estava completamente destruído pelo meu horror pessoal( que estava no auge naquela época). Dessa forma, nossas reuniões não eram nada lucrativas. A parte que cabia a Danielle( a monografia) andava perfeitamente bem. A minha ( o roteiro) nunca passava da página 4. Na verdade, devido a minha volubilidade com as coisas, eu não estava mais nem aí para o tcc e os Magave e , pensando bem, eu nunca tive, de fato, um envolvimento com todo o drama da história.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O trabalho todo era feito pela pobre Danielle que, jamais, reclamava.E assim passou Agosto, Setembro, Outubro, Novembro.Havia a necessidade da família ser entrevistada. Nós conseguimos localizar um Magave que morava na Avenida Fab, em Macapá. Marcamos a nossa primeira entrevista com ele. Eu faltei e fiquei em casa, choramingando pelo meu drama pessoal e depois saí para beber. A primeira entrevista ocorreu sem problemas, a minha parceira de TCC marcou um retorno e me informou que eu teria que ir. Isso me deixou irritado, pois eu tinha medo das consequências emocionais para mim ao falar com alguém que tinha sofrido um trauma tão grande.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Dessa forma, eu arquitetei para fugir mais uma vez desse terrível encontro. No entanto, eu não consegui. Então, em algum dia de novembro, eu e a minha parceira de tcc esperávamos pelo nosso entrevistado, que ainda não havia chegado em casa. A residência dessa parte da família Magave fica na Avenida Fab, perto de um depósito da companhia áerea GOL. A casa tem uma frente simples, há um pequeno portão de ferro que fica antes da entrada da porta principal. A casa parece ter outras seções na parte de trás, onde devem morar mais membros da família. Coisa bem normal em Macapá. Na frente da casa, há um daqueles carros com caminhonete e outro carros. Existe, também, um pequeno desnível da casa dos Magave para a loja da companhia GOl. As pessoas usam esse desnível para se sentar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O nosso entrevistado era Francisco Magave, um dos filhos da senhora Nadir Magave que perdeu a vida naquele triste episódio. Na época, Francisco cuidou dos tramits que envolviam o funeral dos seus irmãos e de sua mãe, da intricada e quase sempre infrutífera investigação dos casos e da imprensa amapaense ( que não perdia a oportunidade de chama-lo de Raimundo). Hoje, ele parece seriamente afetado pela experiência. A nossa entrevistada sempre era interrompidas pelos constantes brancos que o entrevistado tinha. Para ajudar a memória, ele conta com um pequeno clipping de matérias da época, algumas fotos dos familiares mortos, laudos da perícia, carta dos acusados e só.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Algumas vezes, ele fitava o vazio e ficava nisso por dois, três minutos. Nós ficávamos bastante constrangidos e quando tentávamos retornar o assunto, ele já não conseguia mais voltar ao ponto de que tinha parado. O sol castigava o asfalto e o nosso estômago começava a sofrer demais. As diversas explicações fragmentadas do entrevistado criavam mais e mais fissuras na história original. Eu fechava os olhos e enxergava o círculo de dor com umas 90 camadas. Todas pulsando fortemente. A parte boa da entrevista é que muitos mitos a respeito da família foram caindo. O primeiro foi o de que a família toda morou a vida toda no sítio em que ocorreu o incidente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">O pequeno sítio, na verdade, era apenas uma propriedade da família. Os magave residiam na base aérea do Amapá. Na época, a base devia estar no seu auge. O local foi construído por causa da localização específica. Os Magave devem ter visto os muitos dirígiveis pousando na pista imensa. Esses traziam carros, tanques, armas, soldados e coisas do tipo. Meu avô presenciou um dirigivel imenso passando sobre a pequena cidade que ele morava, no interior de Vigia, no Pará. Eram imensos, silenciosos e faziam as crianças chorarem. As mães diziam aos filhos que as cordas que saíam daquelas coisas iria levar todas as crianças malcriadas para o inferno. As crianças choravam desesperadas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizBd864rwh1gAfsQsaqQA5SdIRKBRCOSxfeHgcH48fsl3opUd3rXL-YemTX5fM890OmsmvxOZVZ22y41yAS5g-W3n1hA0QkWLtCehCDvp83gSIcPkS-jtdC1MjAQIgdvD01M4U3WsHlXY/s1600/BaseAerea2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Depois da guerra, os americanos foram embora e levaram toda a infra- estrutura da base. O lugar foi se degradando aos poucos. Com o acidente do dirígivel Hindenberg, a fabricação dos dirigíveis foi paralizada para sempre. O céu agora era dominado pelos barulhentos aviões. Não o céu do Amapá. Com a base desativada, os aviões pararam de pousar ali, as instalações da base foram tomadas pelo mato, as placas foram destruídas pela ferrugem. Hoje, só resta a pista, esburacada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</span></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-42983304805938988242010-09-09T07:52:00.000-07:002010-09-09T23:22:20.320-07:00A piscina<div style="text-align: justify;">Era uma vez, uma imensa piscina. A água era azul e uma espécie de gerador criava pequenas ondas artificiais para sacudir os banhistas e tornar a experiência do banho agradável para todos. Dez horas da manhã e a piscina estava cheia de banhistas de todas as idéias. O sol refletia nas bóias coloridas, nos músculos dos belos rapazes, na pele oleosa das belas mulheres, nos dentes das belas crianças.<br /><br />O lugar era cercado por árvores coníferas, plantadas ali para dar um clima meio americano para o local. A vegetação nem sempre foi essa. Antigamente, as árvores dali eram árvores grandes, tortas, tronco grosso e os galhos eram cheios de um limo escuro fedorento. Com a construção da sede dos vendedores de cosméticos( onde ficava a piscina), esta vegetação deu lugar a algo mais esteticamente plausível.<br /><br />"Os cones" explica a diretora do local " trazem uma aparência mais light para o local e transmitem as pessoas, a sensação de que eles estão na Carolina do Norte, onde fica a nossa matriz. Nós possuímos 250 sedes dessas, espalhadas pelo mundo todo. Há cones em todas. Padrão, sabe? Eu me sinto emocionada por fazer parte de algo tão grande. Desculpa, isso não são lágrimas. Caiu um cisco no meu olho"<br /><br />Os banheiros da sede foram premiadas por uma revista local. São limpos, adequados, cheirosos e possuem muitos espelhos. De 30 em 30 minutos, um gás cheiroso é expelido por um desodorizador automático e limpa o ar com um cheiro de margaridas do campo. Na verdade, as flores não são tão cheirosas quanto os seus clones químicos que levam os seus nomes. Mas isso importa a poucos, na verdade, não importa a ninguém.<br /><br />Uma unidade de primeiros socorros está sempre de olho na piscina. De vez em quando, alguma criança sem limites, começa a tossir de forma preocupante na água.Um salva-vidas pula na água e levanta o candidato a afogamento pela nuca para salva-lo da morte. As mães agradecem e espancam as crianças para elas não repetirem esse péssimo comportamento no futuro.<br /><br />Em uma das bordas da piscina, está uma mulher, deitada em uma cadeira branca. Um guarda-sol a protege da luz. Essa exposição não é interessante para ela pois o corpo dela está cheio de falhas e mostra-las não a deixa feliz. Houve um tempo em que ela era tão linda que podia pedir a vida de qualquer homem descamisada que estivesse naquele amontoado de cloro, urina e gente idiota. Mas essa época não existe mais. Hoje, só resta a ela, o peso do tempo e as suas muitas sequelas.<br /><br />Ela sente o banco desconfortável demais e tem vontade de chamar um dos garços, mas a voz dela anda meio falha esses dias. Não é faringite, nem alguma daquelas doenças que afetam a garganta. A semana que passou foi bastante estressante para ela e para a sua garganta. Segunda, ela abriu a janela e levou um ar frio bem no meio do peito. Começou a espirrar e ficou de cama até quinta-feira. Foi terrível sair de casa, ainda com os efeitos da gripe, e receber o sol bem no meio do rosto. O suor caía, gelado, do seu rosto.<br /><br />Ela resolvera visitar um antigo amigo da juventude. Ele morava, recluso, em uma casa perto da dela. Quando jovem, ele era o desejo de homens e mulheres. Ele e ela eram os reis da festa. Um dia, ele levou um amante para a sua casa, tirou a camisa do parceiro e foi ao banheiro para se lavar. Quando voltou, o parceiro o esperava com um pedaço de perna-manca. Ele recuou assustado, mas não o suficiente para não ser atingido pela madeira e pelo prego que ficava na ponta. O rosto dele foi rasgado de ponta a ponta.<br /><br />Ele caiu de joelhos no chão. O algoz o chutou nas costas e ele caiu com o rosto no chão. Desesperado, ele pedia por um espelho. O agressor ria, extasiado com a situação. Um pé atingiu o rosto do rapaz. O sangue se espalhou no carpete, que ele escolhera com tanto cuidado, até virar uma mancha vermelho-escura horrenda. O algoz rasgou as costas dele com o prego e rasgou o corpo todo. No fim de tudo, ele estava tão dilacerado, que procurar 20 centímetros de pele inteira, intacta era um milagre.<br /><br />Ele ficou jogado no chão por dias e dias. O sangue secando no carpete, o fedor invadindo o ar, a poeira se empilhando nos móveis. A mãe surgiu nas suas lembranças: Séria, louca olhando para o rio, esperando pelo pai dele. Os outros pescadores explicavam a ela que o pobre homem tinha morrido afogado. Ela não ouvia. Um dia, ele iria voltar daquelas águas terríveis para ela. Ele voltou, um dia. O corpo inchado, o rosto comido pelos peixes. Ele voltou, ela repetia aos filhos. A filha caçula se matou uns cinco anos depois daquilo.<br /><br />O outro filho mais velho viajou para a cidade grande. Lá ele dormia com homens novos, homens velhos em um trajetória vertiginosa que foi parar naquele tapete ensaguentado. A pele dilacerada. Cada movimento era um martírio. O rosto dele, refletido em um armário o enchia de terror. Onde estava o rei de todos os homens e mulheres? Onde estava a glória daqueles dias dourados? O horror subia, acompanhado da bile, para a língua dele. A voz amarga do horror repetia no seu ouvido, o nome de todos os inúmeros amantes que ele teve em vida. Em ordem alfabética.<br /><br />Alberto, um homem careca, de voz baixa. Gostava de ser amarrada no espelho da cama e apanhar como uma vadia. Depois, ele chorava como uma criança e se abraçava com os travesseiros vermelhos.<br /><br />Bruno, voz grossa, pose de machão. Colocava o nosso homem retalhado de quatro e metia o pau com tanta força que o fazia gritar desesperado. Os gritos chicoteavam o lustre de vidro que ficava sobre a cama.<br /><br />Clóvis, bichinha pequena, de voz afinada. Alguns anos depois, ele viraria Cláudia em alguma cidade européia. Depois, ele voltaria a ser homem e . sem seguida, mulher de novo.<br /><br />A lista era imensa. Não cabe reproduzí-la aqui. Ele andou pelo apartamento. A dor era tanta que ele nem sentia mais. Olhou o espelho do banheiro. No presente, quando a mulher da piscina o visitou, ele estava olhando para o mesmo espelho. As cicatrizes formando um mapa hediondo pelo corpo dele. Ele cumprimenta a amiga e a convida para sentar. Os sinos da catedral ao lado reverberam nos vidros da casa. Ela tampa os ouvidos.<br /><br />Ele explica a amiga que pretende morrer logo. Existe um armário; no armário há uma caixa de madeira; na caixa de madeira há uma arma; dentro da arma há 6 balas; dentro das balas há pólvora.Dentro de duas ou três semanas, a faxineira encontrará o corpo dele, semi- decomposto em uma banheira. A água vai estar vermelha. A serviçal irá gritar desesperada por socorro. As cicatrizes dele estarão de uma cor estranha na água.<br /><br />O enterro dele vai ser o menor que o cemitério já teve naquele ano. Uma mulher com olhar perdido vai jogar uma flor no caixão. A flor vai estar seca. A mulher é a mãe dele. Durante o velório, o corpo dele estava cinzento como o do seu falecido marido. O filho substitui o pai. Uma por uma, as pessoas foram embora do velório do homem. Muitas já tinham visto aquele homem nu, mas jamais trocaram meia palavra com ele. O cheio de cloro era forte no enterro.<br /><br />O cheiro de cloro é forte demais na piscina. As crianças saem enrugadas da água. Uma chuva cai e apaga o fogo do churrasco. Uma lona é suspensa para não deixar que o fogo se apague. Da floresta, sai o barulho dos aves. Um pássaro de penagem azul voa pelo céu e bate em uma árvore. Os espinhos o perfuram. O coração dele é perfurado por muitos espinhos. O cadaver cai no chão e os dias passam.<br /><br />O corpo azul dele vai se decompondo na terra marrom. As órbitas dos olhos secam, a barriga se enche de vermes amareços, o esqueleto fica exposto. Os ossos se misturam com a terra. O corpo afunda. Novas camadas de terra crescem sobre o pássaro. Lá embaixo, o corpo dele é mais um entre outros que irão servir de adubos para os pinheiros.<br /><br />O dia começa a escurecer. As pessoas começam a deixar a sede. Os carros levantam poeira. Os portões são fechados. O gerador de ondas é desligado. A água se acalma. Alguns navios de papel continuam na superfície da água, até desmanchar e se tornarem apenas papel molhado.<br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-89140933385423053452010-09-02T00:02:00.000-07:002010-09-09T07:00:23.032-07:00Um lindo novo dia<div style="text-align: justify;"> Ela acorda e põe a mão na barriga para sentir o estômago. Ele não doeu essa manhã. O sol entra pelas frestas da janela e ilumina a poeira do quarto. Não é uma luz laranja como as da manhãs de sol. É uma luz acinzentada, opaca, sem vida, mas forte o suficiente para trazer um pouco da manhã para o quarto.<br /><br />Uma avenida aparece na TV, um homem em chamas corre na direção do expectador. A família toma um café delicioso. O pai agradece a mãe pela refeição, e ela lhe dirige um sorriso torto e deformado. Um cachorro late lá fora.<br /><br />Um ninho de abelhas é incomodado pelos vizinhos. Uma vara gigante de madeira perturba a colônia. As pessoas lá embaixo, dão gritinhos de expectativa. Quando a colméia se espatifa no chão, os guerreiros voam para salvar a sua rainha, mas são detidos por um poderoso inseticida. A rainha agoniza no chão, o ventre inchado de vida. Uma criança pisa nela e espalha uma sujeira amarela na rua.<br /><br />Uma bicicleta passa por poças de lama. Noite passada, houve uma grande tempestade por ali. A energia elétrica apagou e , por vários minutos, as casas foram iluminadas pelo horror dos raios. As crianças acordavam com a luz e o barulho dos trovões e choravam pelos seus pais que, impotentes, explicavam que tudo ia passar. Bem, eles não tinham certeza.<br /><br />Na mesma noite, uma kombi lotada de evangélicos rodava a cidade para pregar pela cidade, a palavra daquele que morreu na cruz e o seu pai. Muitos dos que estavam na kombi, estavam experimentando a sua primeira vez naquela magnifíca de fé. O medo subia pelos corpos deles. Alguns tremiam. Um irmão mais experiente explicou que era normal.<br /><br />A palavra do senhor era distribuida na forma de um pequeno papel de formato retangular. Nele havia a história do primo de Jesus, João batista. O papel era uma licensa poética contando os pensamentos finais desse grande profeta, no cativeiro, a mercê de homens e mulheres mundanos, a sorte dele estava chegando ao fim e a fé era a sua unica arma.<br /><br />Dias antes, ele havia encontrado o filho de Deus, nas margens do rio Jordão e o batizou. Uma pomba branca desceu do céu para confirmar a validade do ato. Quando a silhueta daquele homem ia se perdendo no horizonte, João Batista enxergou a sua sina e a dele. Ambos iam ser mortos. O maré de areia do tempo iria apagar a verdadeira história.<br /><br />Misericódia, Pai. Ele se ajoelhou , horrorizado, nas margens do rio e gritou por misericórdia por ele, pelo seu primo e tudo mais. Algum tempo depois, ele foi preso por um rei adúltero e foi jogado em uma cela escura. Uma dança exótica decidiu a sua sina: sua cabeça em uma bandeja para a princesa Salomé.<br /><br />Ele olhou pela janela de sua cela. Estava escuro demais. O mundo inteiro dormia. Pela manhã, os pássaros iriam cantar a música de Deus, o orvalho encheria o ar, as vozes tomariam o lugar do vento e ele não estaria mais lá. Era o fim, mas era um fim digno. As pessoas lembrariam da palavra forte dele. O pai ensinaria ao filho; o filho ensinaria ao filho do filho; o filho do filho ensinaria ao filho do filho do filho. Era um consolo para quem viveu a vida inteira só e cresceu no deserto.<br /><br />A triste, mas edificante história do batista de jesus era distribuído pelos evangélicos para os doentes, leprosos, filhos da puta, obesos, putas, cavajestes, desgraçados, artistas indepedentes e toda a escória do mundo.Houve casos que o receptor da palavra não tinha pernas, nem braços. Dessa forma, os folhetos eram enfiados na boca ou nos umbigos desses coitados.<br /><br />Os jovens evangélicos, que antes eram temerosos, agora se enchiam de orgulho ao ajudar aqueles pobres homens. Ás vezes, irmã Vanda parava a kombi para eles rezarem. Os irmãos apertavam as mãos com força por causa do significado daquele momento. Irmão Wagner então tocava uma linda melodia contando a forma que Davi reencontrou o Senhor dos seus tempos de pastor em que acordar e sentir o cheiro das coisas vivas era a maior das recompensas.<br /><br />Irmã Marieta era uma das que mais se emocionava. Ela tinha a metade do rosto deformado por um marido violento que, bebado, incendiou a casa com os seus dois filhos menores. Ela encontrou em Deus, a reposta para o seu luto, para as suas indagações e , em troca, virou a mais fiel soldada dele. Disposta a desembainhar qualquer arma para lutar por ele. Na hora do canto de Davi, ela lagrimava, esperneava, gritava, falava em línguas desconhecidas.<br /><br />Naquela noite, porém, as coisas foram diferentes. A kombi não completou metade do seu percuso, quando uma tempestade terrível começou. A água parecia a ponto de romper os vidros da kombi. Eles rezaram, rezaram, rezaram, mas o som do trovão era maior, mais terrível. A luz dos raios iluminava o interior do automovel de forma assustadora. Rezar era demais, o ideal nessas horas era morrer de medo.<br /><br />Uma bandeira tremeluzia de forma agourenta em um mastro. Vinte seis ou vinte quatro estrelas, eu realmente não sei, mas o pano desgrudou e voou , derrotado, pelo céu até cair em uma vala, onde, pela manhã, seria a honorária companheira de merda de cães e água do esgoto. As pessoas dentro da van se calaram. Irmã Marieta estava muda de horror e sentia todo o vazio da sua existência. Feia, deformada, acariciando mendigos para acalmar o animal que vivia dentro dela, animal esse que chorava pelo horror do sexo, da fornicação secular, do pecado.<br /><br />Ela se encolheu um dos bancos, diminuída.<br /><br />A chuva parou pela manhã. A kombi voltou a andar. Os buracos das ruas estavam cheios de águas, os carros passavam por cima e molhavam pedestres desatentos. O sol brilhava pálido no céu, logo ele ficaria forte o suficiente para secar a água da vala, enxugar as folhas das plantas e iluminar o dia dos filhos de Deus. Isso encheria o coração deles com muitas lições de amor, paz, companheirismo e superação.<br /><br />Até outra terrível tempestade.<br /><br /><br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-7265806016653846602010-08-22T08:25:00.000-07:002010-08-24T13:29:35.020-07:00A vida sem poesia 1 de 1<div style="text-align: justify;">Sempre idealizei a garça como um animal nobre.Talvez pelo pescoço longo, pelo branco celestial da sua penagem, pelas pernas longas que parecem não tocar o chão, pelo bico grande ,amarelo ,simetricamente perfeito e um monte de outras coisas. Um dia, me disseram que as garças só existem, em grande quantidade, onde há muita sujeira.<br /><br />O local onde eu moro é cheio de garças. Minha casa fica em frente a uma lagoa imensa. A lagoa dos índios. Por que esse nome? Eu também não sei.Talvez alguns índios devem ter morado ao aqui por muito tempo. Com a chegada do colonizadores, as ocas devem ter sido queimadas, as crianças foram assassinadas, as mulheres foram violadas, o homens devem ter caído para proteger as suas famílias.<br /><br />Ou não.<br /><br />A lagoa nunca pareceu um lugar imundo. Se o leitor visualizar o local por cima, dificilmente, vai ver rastros de sujeira ou qualquer coisa que profane um verde tão perfeito. Mesmo assim, as garças continuam lá. Aos montes. Eu acho que para cada urubu, existem umas quatro garças. Quando um urubu morre, os seus companheiros não devoram a sua carniça. Essa é uma verdade sobre urubus. As garças devem faze-lo, afinal criaturas lindas não precisam ser nobres.<br /><br />Um dia, eu acordei completamente apaixonado. Pessoas nesse estado costumam a pensar na vida com mais poesia. A ocasião pede. Nunca tive um olhar poético sobre nada .Não consegui na época e desisti.Em um dos milhares dias perdidos da minha adolescência, eu e muitos amigos da escola viajamos para um daqueles passeios de escola. 7: 45 da manhã e todos deviam estar no pátio da escola para escolher o seus lugares no ônibus. Cheguei um pouco tarde demais e tive que ficar na janela e um casal ocuparia as poltronas do meio e do corredor.<br /><br />A moça estava inconsolável.Na véspera do passeio, ela tinha visto um bando inteiro de pássaros morrerem eletricutados na hora que ela varria o patio de casa. Ela, então, foi surpreendida, do nada, por uma chuva de pássaros mortos. Ela nunca tinha visto e nem presenciado nada tão terrivel. Enquanto as árvores iam passando por nós em uma velocidade entediante, o rapaz tentava consolar a mocinha, explicando o ciclo da vida, no entanto, pássaros mortos por eletricidade não estão em nenhum livro de biologia.<br /><br />O rapaz dizia a moça para ela esquecer do triste destino das garças, que a morte não era o pior dos destinos. Ele dizia isso pegando nos cabelos dela, encostando o corpo dele no dela para esquentá-la e lembrar que ele tinha um pássaro mais importante, ainda vivo, pulsante, louco para enxugar aquelas lágrimas e melar o rosto dela com outra coisa. Ela dizia que não conseguia tirar do nariz, o cheiro dos pássaros mortos. Sim, era terrível. Alguns ainda se contorciam no chão antes de morrer, as penas caindo do céu como neve, quando ela tentava fugir, eles batiam no ombro dela.<br /><br />Ela tomou vários banhos naquele dia. Papai e mamãe a agradaram muito . Papai a pôs no colo e começou a cantar alguma musiquinha idiota que ele sempre ouvia no carro e mamãe fez uma linda torta de limão. Essa torta sempre a conquistou. Quando ela era pequenina, do tamanho de um botão, mimada, amada, linda, desdentada, catarrenta, retardada, egoísta, imunda, estúpida e o mundo parecia ser um lugar apenas grande demais; a torta da mamãe despertava o melhor dentro dela, curava todas as dores e enchia o coração dela de algo que ela jamais soube dizer o nome.<br /><br />Em um futuro distante, bem distante do que imaginamos, quando as bestas descerem do céu vermelho, quando as carruagens do inferno passearem pela rua, quando toda água do mundo se tornar veneno, quando o corpo dela for chicoteado, quandos os minutos se tornaram horas, quando o sangue dela pingar no chão para ser bebido pelos servos de satanás, quando ela urrar de dor pedindo para morrer; a única coisa que ela vai lembrar é da torta da mamãe.<br /><br />E dos pássaros mortos.<br /><br />Vamos voltar ao presente. O namorado na poltrona do corredor, ela na do meio, eu na janela. As pessoas apontavam para uma fábrica desativada. A paisagem agora era de cones. Eu lembro muito das pessoas que estavam no ônibus, mas eu os vi pouco depois que concluí o ensino médio. A vida os tornou professores, estudantes, pais, mães, afogados, suicídas, desgraçados. As pessoas são más e, realmente, não prestam. Porém, a vida é pior. O namorado mostrava uma revista para a namorada. Algumas modelos a encaravam da revista. Magras demais, lindas demais. A beleza delas fez a moça chorar copiosamente e o rapaz deu longo suspiro.<br /><br />Ele viera preparado para a ocasião. Nossa, como ele havia esperado aquele dia. Papai dissera a ele que havia comido muitas meninas na água de inúmeros terrenos. Para provar ao filho, ele passou a mão no pênis e disse para o filho cheirar o odor vaginal da vitória. Ele cheirou, mas não sentiu nada. O pai, então, disse que o melhor seria chupar para sentir no paladar: o melhor dos sentidos. Ele chupou com muita força o pau do pai, do herói. O gozo quente do pai na sua garganta o tornou um rapaz mais confiante. Cinco gozos desses e ele se tornaria um herói da guerra. Elmo na cabeça e o estandarte com o pau do pai erguido entre as lanças. Ele enfrentaria uma legião de bárbaros, gordos, sulistas, orientais, desgraçados, leprosos, pedófilos, filhos da puta e morreria em glória.<br /><br />Mas não nessa versão do mundo.<br /><br />Aqui, a namorada dele está apavorada por causa dos pássaros mortos. Papai o preparou para ser um macho, mas não para ser um coveiro. O destino do nosso ônibus havia sido atingido. As pessoas desciam ansiosas do ônibus e gritavam para o céu. Os pássaros das árvores voavam assustados por causa do alvoroço. A moça se agachou no chão, desesperada. As penas dos pássaros caíam sobre as pessoas. Eu espanei bastante dos meus ombros.<br /><br />O terreno era cheio de chalés. lá, os rapazes e as moças trocavam de roupa. Menos eu. Passei a estadia do terreno completamente entediado, esperando morrer. O rapaz e a moça entraram em um chalé, sozinhos. Os amigos dele e os amigos dela ficaram ansiosos pelo o que poderia acontecer lá, mas logo esqueciam por causa da chegada dos seus próprios momentos de sexo adolescente selvagem e louco.<br /><br />Ela vestiu um biquini e mostrou para ele. O corpo em convulsão. No nariz, prevalecia o cheiro dos pássaros mortos. Ele observou a anatomia do corpo dela e fotografou com a mente. Ele a veria muitos anos depois, o corpo dela estaria destruído pelos excessos, pela maternidade e o rosto pelo cinismo da vida. Os olhares iriam se encontrar por alguns segundos, mas nada aconteceria.Nada jamais aconteceria de novo. A vida aconteceria, as novidades se tornariam raridades.<br /><br />Ele alisou a coxa dela de forma que sempre tentava subir as mãos para dentro do biquini dela e .. .Bem, não vou descrever essa merda. Eles transaram . No fim de tudo, um " você é o amor da minha vida" saiu da boca de um deles. A moça estava mais aliviada. Por alguns minutos, ela esqueceu do horror dos pássaros mortos. Por alguns minutos. Breves minutos. O cheiro estava voltando. Pior, muito pior do que antes. Agora, ela havia violado o luto pelos pássaros morto com a sua luxúria. E os pássaros mortos não a perdoariam por isso.<br /><br />Os rapazes pulavam na água que espirrava para todos os lados. O sol passava por entre as gotas as tornando coloridas. O som das risadas contaminava o ar. Um tronco imenso era levado pela correnteza. A vida pulsava no tronco: minhocas, musgo, insetos, mesmo assim, ele seria levado pela correnteza e engataria em alguma margem. A natureza que mora nele iria se findar. O tronco secaria e se despedaçaria aos poucos.<br /><br />Não existe beleza na forma que a vida acontece, não existe poesia no fracasso, nem no amor, nem no sucumbir dos homens, nem nos pássaros mortos. A vida é sem poesia e gosta disso.Todo sonho é interrompido por um susto qualquer. Nós acordamos com corpo cansado, o hálito tomado pela podridão. O sol nas nossas cabeças não nos torna pessoas feliz,es pelo contrário, nos faz suas, seca o nosso cabelo, nos causa câncer.<br /><br />Os pássaros que deviam ser a prova da dádiva maior de Deus: o poder de voar por aí e só tocar o chão para descansar, são tão burros que sempre morrem eletricutados no primeiro poste de energia. O castigo sempre chega. A maré do horror toma tudos e todos. Os corpos inchados apodrecem na margem e as garças, animais tão belos, arrancam os olhos das órbitas e voam para algum lugar. A morte as espera em algum poste.<br /><br />O casal sai de mãos dadas do chalé. Eles pisam na terra ainda virgem daquele lugar. Na novelas adolescentes mostra como se usa preservativos, mas não de forma ilustrativa.Dessa forma, a vida acabou penetrando os óvulos da moça apenas para ser arrancado por um gancho terrível em um aborto. Os sonhos dela serão terríveis. O feto escorrendo pela vagina de forma viscosa, subindo pelas coxas , mamando chorume nos seios para depois regurgitar nos lábios de sua amada mãe.<br /><br />O amante, o deformado amante vai sussurrar nos ouvidos dela o quanto a ama; o quanto o azul do mar parece cinza sem ela; o quanto o canto dos pássaros parece com garfo arranhando um tabuleiro de metal sem ela; o quanto ele ele precisa do liquído amniótico dela saciando a sua sede sem fim. Ela grita. Tanto amor a destrói, a deforma, a faz sentir vontade de vomitar. Ela afasta o filho amante com um empurrão. Ele se esborracha na parede. O sangue dele na parede vira algo parecido com uma teia de aranha.<br /><br />Mas é um futuro distante. Os rapazes voltam de uma pescaria. Eles voltam com um peixe bem grande. Os professores acendem a grelha para assar o peixe. O pagode começa. Eu olho a paisagem. Bela paisagem. Daqui a algum tempo, ela não vai mais existir ou, se existir, será apenas arvores coníferas. Nada é eterno,aliás estou sendo um pouco radical. A única coisa eterna é a certeza de que tudo vai ser destruído no fim.<br /><br />Ela se afasta do cheio do peixe assado. O peixe a faz lembrar dos pássaros. Ela se ajoelha em algum lugar da campina e implora por algum sinal divino de Deus, que por sua vez, não tem muito o que dizer a ela. A imagem de Joana D'arc lhe vem a cabeça. A linda Joana D'arc em sua armadura brilhante, guiada pela voz de Deus.<br /><br />A linda Joana D'arc ardendo em chamas. A fumaça emporcalhando o céu. A gordura escorrendo em um vala. Sem glória, sem vitória. Será que ela ouviu a voz de Deus antes de morrer? Será que ela já ouviu alguma vez na vida ou ela fez tudo aquilo apenas para morrer queimada e a sua fumaça subir na direção Dele. Do Deus de Davi, de Abraão, deIsaac, do holocausto, do pai desonesto que abandona o filho á morte, do sacríficio sem recompensa.<br /><br />As lágrimas são muitas. É necessário bastante baldes para guarda-las, e se as jogar em alguma vala qualquer, elas se tornarão o próximo mar morto. Onde nenhum peixe nada, nenhuma rocha tem musgo, nenhum pássaro voa. Desta água ninguem irá beber.Aliás, ninguém vivo.<br /><br />Ela começa a se tocar , enche a cabeça de pensamentos imundos: paus cheios de veias,sodomia, suor, calor humano, saliva, secreção, excreção e tudo mais. Fazer amor adia a morte, disse alguém aí, se tocar traz a morte para a sua cama. Os pássaros mortos não a deixaram mais. Ela desiste. Lava a mão no rio e grita desesperada. Um grito sufocado pelos gritos de felicidade das outras pessoas.<br /><br />As pessoas comem o peixe de forma selvagem. A coordenadora do passeio suga a cabeça. Eu me recusei a comer. Odeio coisas do rio. Ela olha o peixe com nojo. Quando as pessoas terminam de comer o peixe, os ossos ficam espalhados na mesa . Ela junta todos os ossos dentro de um saco e leva para o quarto.<br /><br />Na bagagem, ela trouxe uma caixa de sapato, onde ela guardava algumas bolachas. Ela deposita os ossos dentro da caixa , sai do banheiro,escolhe um local bem distante de todos e começa a cavar, cavar e cavar. Quando o buraco está bem largo, ela deposita a caixa e a enterra. "Vá em paz" ela dsse para o peixe, mas ele não respondeu.<br /><br /><br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-34221893092472231962010-08-19T09:55:00.000-07:002010-08-19T11:12:18.481-07:00Búfalos 1 de 1<div style="text-align: justify;">O Curiaú, outrora ,foi um quilombo. Meu entrevistado afirma e ainda diz que até hoje o local ainda sobrevive como um último porto de seguro para os negros. Ele afirma não se orgulhar das raízes dele. Não pelo fato de ser negro, mas pela pouca disposição que os seus irmãos de raça tiveram para se livrar das correntes, mesmo quando essas foram destrancadas.<br /><br />Eu questiono ele a respeito das milhares de coisas que contribuíram para os negros continuarem escravos e ele balança a mão com impaciência, dizendo que isso é papo para boi dormir. A uníca saida é o trabalho, ele prega esse lema para tudo o que faz para sí próprio ou para as pessoas que o cercam. Durante os dias em que esta incrível reportagem sobre o curiaú foi confeccionada, ele repetiu o maldito lema para toda situação que aparecia na frente dele.<br /><br />Primeiro foi com a neta que chegou com o coração destruído em casa(viúvo, ele mora com um filho, cinco netas e a esposa do filho), ela tinha sido chifrada pelo namoradinho que a tinha trocado por uma qualquer.A moça fez um escandalo e amerressou umas coisas contra a mãe que a ameaçou com umas palmadas. O meu entrevistado atiçou a mãe da garota até a mocinha apanhar."Galinha nova a gente corta pela asa" ele fez um gesto com o dedo,imitando uma tesoura. Enquanto a moça chorava, ele explicou que a única saída é o trabalho.<br /><br />Durante as nossas entrevistas, ele estava trabalhando em dois pequenos caminhões de madeira para os dois netos. Os caminhões serviriam para as crianças aprenderem sobre o valor do trabalho ainda na idade tenra. Eu perguntei qual era o brinquedo favorito dele quando criança e ele respondeu que não tinha. A obrigação sempre vinha em primeiro lugar, além do mais havia uma linda lagoa para ele brincar. Brinquedos eram obsoletos.<br /><br />Fazia um bom tempo que ele sofria de depressão. Eu perguntei da nora se o motivo era a perda da esposa que tinha morrido tão recentemente, mas não era. Ele era assim desde jovem. O marido disse a ela que as crises haviam começado na infância deles e dos irmãos. A vó deles tinha morrido e o pai passou dois meses catatônico. Quando a esposa tentava consola-lo, ele a reprendia com violência, dizendo que ela era uma puta e nem chegava perto da figura magnifíca que era a mãe dele. Um belo dia, tudo acabou e ele foi trabalhar.<br /><br />A família ficou feliz por ver o pai levantar de novo daquele calvário, mas ele voltou pior, mais rigido, mais severo do que jamais fora. Um dia, dois dos meninos brigaram e ele os trancou no armário. Um amarrado ao outro para eles lembrarem do valor da fraternidade. Por baixo da porta do armário, ele sussurrava que as aranhas podiam morde-los e a dor iria durar vinte quatro horas.As crianças berravam de horror. Ele observava tudo sentado na cama.<br /><br />Depois da primeira crise, a depressão passou a ser um visitante constante na casa da família. Ás vezes, durante uma ocasião feliz como um jantar qualquer, ele caía no chão, se contorcia, rasgava as roupas, chutava o pé da mesa, derrubando a comida sobre as pessoas que gritavam de dor,devido a temperatura dos alimentos. A esposa pouco falava, pouco opinava. Ela era cristã devota, laços além do amor prendiam ela ao marido, como uma maldição.<br /><br />Apesar disso, os rapazes foram bem sucedidos em suas profissões. Talvez na ânsia de se livrar logo do pai, eles partiram para cidades bem distantes de Macapá. Alguns voltaram, outros mandam cartões alegres, dizendo como é bom a vida onde eles estão. O pai ri com sarcasmo e diz que eles só o visitaram, quando ele estiver de osso branco.Deus, no entanto, tem um castigo para cada filho ingrato.<br /><br />Em uma noite dessas, ele teve um sonho que adora repetir para todos: ele estava morto, semi-afundado num dos diversos lagos do curiaú, nu. Apesar de odiar os seus irmãos preguiçosos, aquele lugar ainda é a mais bela das lembranças. O cheiro fresco da lagoa, as garças, o verde, as coisas morrendo e nascendo. Bem, de volta ao sonho, ele estava nu, como eu já citei.O peito para cima. Ele estava boiando da mesma forma que as pessoa bóiam no mar morto, sem jamais afundar.<br /><br />Sim, a lagoa era mais densa que ele.<br /><br />Ele estava morto, os peixes comiam a face dele e o resto do corpo até não restar mais nada. Agora ele era os peixes e vice-versa. Nadava em cardume, era pescado, comiam outros bichos submarinos ou não. Nada dispersava o cardume, pelo menos até os bufalos surgirem. Terríveis, gigantescos, eles destruiam tudo o que viam pela frente com o seu trotar interminável. O mato era pisado, as garças voavam, a terra tremia, os frutos caíam das árvores e o cardume era cruelmente separado.<br /><br />O cardume se dispersava e cada parte dele era separada. A dor era terrível. Terrível demais até para um sonho. Então ele acordava desesperado, ligava o aparelho de oxigênio, enchia a mão de remédios e repetia para si mesmo que a única saída era o trabalho.</div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-27934423440174380322010-08-18T21:08:00.000-07:002010-08-19T06:10:59.852-07:00A vida sem vaidade 5 de 5: O fim do voto de pobreza<div style="text-align: justify;"><span style="font-family:georgia;">Quebrei o meu voto de pobreza, um dia antes de vir para Macapá. Ele não fazia sentido, aliás, nunca fez. Meu primo me perguntou de onde eu tirei tal idéia e eu expliquei para ele sobre o que eu vi na tv: Pessoas esmagadas contra a grade, lutando para continuar vivas, livres do tédio. Ele me olhou com bastante pena e disse que me levaria no aeroporto.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Minha vó tinha viajado um dia antes da minha partida. Eu cheguei tão bebado da comemoração do aniversário de um amigo que não pude me despedir dela. No entanto, no pequeno tempo que eu fiquei lá, ela anunciou que faria uma obra radical na casa. Iria por tudo no chão e refazer de novo. Fiquei extremamente chocado e lembrei a ela de que obras estressam todos as faixas etárias. Ela nem ligou.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Eu fui até a unidade de polícia do local e me despedi dos guardas e do delegado. Eu também dei o endereço deste blog e expliquei que eu nunca tinha sido do coletivo palafita. Eles riram e me pediram para eu nunca esquecer do número 190. Eu disse que esse número estava gravado na minha pele de tantos baculejos escrotos que eu levei na minha cidade natal. Eles riram, eu também. Não visitei o posto de saúde devido ao meu trauma com o episódio da van.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Voltei para a casa e olhei para a estante da sala vazia. Uns três dias antes, a minha vó começou o processo de encaixotamento das coisas. Tudo que era inútil era cruelmente descartado. Meus primos , minha irmã e eu passamos o dia todo guardando e jogando coisas foras. Um touca de papai noel que a minha vó usava desde a nossa infância foi a primeira a ir para o saco preto de lixo.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">As coisas que tinham ficado na casa que pertenciam a minha tia morta foram quase todas descartadas. Alguns óculos berrantes, uns lenços berrantes, alguns documentos velhos. Eu peguei uma carteirinha velha que tinha uma foto dos tempos da faculdade dela e guardei, em segredo, no meu bolso. Sempre preciso de um souvenir dela.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Uma estátua de um gato preto que eu sempre gostei de ver, desde criança, caiu no chão e foi removida para nós não pisarmos nos cacos. Livros dos tempos da faculdade dos meus tios e da minha mãe foram empilhados e levados para o lixo." Esses livros estão defasados", explicou a minha irmã.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Havia um quadro, perto da escada que a minha vó quebrou a moldura, rasgou a gravura e depois jogou dentro dos sacos de lixo. A regra era se livrar de qualquer coisa velha demais. Dos relógios velhos que ficavam na sala de janta, apenas o mais moderno e adequado( ele mede a temperatura) iria ficar na casa nova.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Biblias e mais bíblias foram para o saco. Assim, como um cachorro de pelúcia que eu gostava de brincar muito na minha infância. Uma boneca estranha que a minha vó chamava de Maria-sete-saias ficou na mesma caixa que nossa senhora de nazaré e uma foto minha de quando eu era um bebê gordinho feliz.</span><span style="font-family:georgia;">Eu imaginei como a obra seria violenta. Sim, seria terrível. Imaginei o vidro das janelas sendo quebrados, as paredes sendo derrubadas por uma máquina qualquer, a escada de madeira sendo despedaçada até não restar mais nada. É triste demais ver um lugar pela última vez.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Eu viajei para Macapá, durante um daqueles vôos da madrugada.Tudo muito tranquilo demais, sem tremores, sem oscilações. Que bom. Uma queda certeira iria tirar a minha vida de forma terrivelmente rápida e eu acho que ainda não quero morrer. Cheguei em casa, esperei pela minha cadela morta para me recepcionar. Ela não veio. Ela morreu.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Eu troquei de roupa e tentei dormir. Não consegui. Fiquei com os olhos fechados, tentando contar carneirinhos, mas eu sempre tenho sonhos terríveis com carneiros. Jesus era um carneiro. Será que um dia, eu vou imaginar vários dele, saltando cercas, enquanto sangra de forma louca? De qualquer forma, não seria bom para dormir.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Depois de um bom tempo, o sono começou a vir. Mas antes, eu lembrei de uma cena. A última cena do Útinga. Um dia, antes das obras da primeiro de dezembro começarem, o governo delimitou que algumas coisas teriam que sair para a nova rua entrar. Muitas pessoas tiveram que mudar de casa. Minha tia mal tinha concluído a construção da casa dela, quando recebeu a notificação que a casa teria que sair de lá.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Uma ávore particulamente grande foi condenada. Sempre achei árvores coisas meio inúteis, afinal, elas não latem, nem emitem luzinhas engraçadas.Um dia, alguém me disse que as ávores, assim como brilho das estrelas, são testemunhas de um passado remoto, distante, incontavel, fora dos nossos padrões de sei lá o quê.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">Talvez, seja verdade.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">As raízes dessa árvore eram fincadas na terra de uma forma absurda. Fora da terra, elas mediam uns cinco, seis metros de cumprimento. Por baixo da terra, esse tamanho devia ser bem maior. Para derrubar a ávores, foram necessárias muitas cordas amarradas em seu tronco. Os homens puxavam de forma louca para derrubar o gigante.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">As pessoas saíram do conforto de suas salas para ver a cena. O chão começou a tremer. As raízes estavam sendo arrancadas do chão.Todos estavam fora das suas casas, quando a árvore começou a cair. Alguns tiravam fotos com o celular e eram assaltados logo em seguida. Era uma cena para recordar.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">A árvore atingiu o chão. O som da queda foi amplificado pelos diversos tubos de tratamento de água que haviam por ali. As pessoas tamparam os ouvidos. Uma nuvem de poeira subia e cobria tudo. Uma mulher soluçava. Quando a nuvem de poeira baixou, as pessoas voltaram para as suas casas. Um morador ficou irritado demais pelo fato de ter perdido uma mensagem de jesus dita por um médium famoso.</span><br /><br /><span style="font-family:georgia;">" O barulho da porra da árvore foi alto demais" afirma o morador.</span><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-52329568741120491452010-08-18T19:46:00.000-07:002010-08-18T20:10:42.917-07:00Selo de ouro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgesn3C9aOI97xjDX34d34OrLYMv3O45rfNqKm00zp6Ep0QFidXLIt2ZcxrPyfGTXM6RBsXfh7tx6_P0VUah1c9nSqAfxEfKDCqaN35_4EO0MEnC2XsYrBqHGGh3Kwe66671q1ASs5gTqE/s1600/selo_de_ouro.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 200px; height: 198px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgesn3C9aOI97xjDX34d34OrLYMv3O45rfNqKm00zp6Ep0QFidXLIt2ZcxrPyfGTXM6RBsXfh7tx6_P0VUah1c9nSqAfxEfKDCqaN35_4EO0MEnC2XsYrBqHGGh3Kwe66671q1ASs5gTqE/s320/selo_de_ouro.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506952691970877954" border="0" /></a>
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<br />Ai, sou tão tapado que não me toquei desse selo de ouro. Bem, antes tarde do que nunca. O selo de ouro é uma iniciativa para divulgar blogs e também para sei lá...mostrar os blogs que a pessoa realmente admira para outras pessoas.Uma tarefa bem dificil para mim, uma vez que todos as pessoas que eu ia indicar já foram quase todas indicadas. Dessa forma, só me resta o critério de divulgação. Aí vai a minha lista de blogs:
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<br />www.marvincross.blogspot.com
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<br />www.oandarilho7.blogspot.com
<br />
<br />www.neo-ateu.blogspot.com
<br />
<br />www.luizflfacanha.blogspot.com
<br />
<br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> 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</o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal;font-family:georgia;"><span style="font-size:85%;">1° Colocar a Imagem do Selo No Seu Blog;<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal;font-family:georgia;"><span style="font-size:85%;">2° Indicar o Link do Blog Que o Indicou;<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal;font-family:georgia;"><span style="font-size:85%;">3° Indicar Outros Blogs Para Receberem o Selo;<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal;"><span style=";font-family:";font-size:12;" ><span style="font-family:georgia;font-size:85%;">4° Comentar nos Blogs de Seus Indicados Sobre o Selo.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal;">
<br /></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; line-height: normal;">Obrigado aos blogs Sindrome de Proteus e Fecal brother pela indicação.eeeeeeeeeee
<br /><span style=";font-family:";font-size:12;" ><o:p></o:p></span></p>
<br />
<br />Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-88509259637425949762010-08-17T08:30:00.000-07:002010-08-18T14:37:59.225-07:00A vida sem vaidade 4 de 5: O passeio de van<div style="text-align: justify;">Uma das assistente sociais me ofereceu café e eu recusei por causa do meu voto de pobreza e assim eu fiz com muitos copinhos de plástico que me ofereceram. Teve um momento crítico que eu não conseguia mais recusar e comecei a chorar. Expliquei o meu drama pessoal para as pessoas que estavam lá e elas começaram a chorar e aceitaram que eu não queria tomar café.<br /><br />Eram seis na van: Eu, uma dentista, uma médica, um assistente de enfermagem, uma assistente social e o meu drama pessoal. Eu cobri o meu lugar na van com um jornal para não contrair as bactérias que as pessoas costumam a soltar pelo ânus e tambem eu levei escondido na minha mochila, dois vidros de alcool gel. Quem lida com a massa sempre está a mercê de doenças terríveis.<br /><br />A médica perguntou qual era a minha experiência com essas coisas e eu disse que já tinha estagiado em um coletivo de cultura que lidava com algumas pessoas pobres também.Ela perguntou o que era um coletivo de cultura e eu disse que não sabia exatamente, mas o tempo que eu passei lá foi sei lá. Ela aceitou a resposta.<br /><br />Nós descemos na entrada de uma grande baixada. Eu fiquei horrorizado com a possibilidade de ter que andar por todo aquele inferno e disse a elas que não estava me sentindo muito bem. Elas responderam que nunca se sentiram bem na vida inteira delas. Então nós descemos a ladeira que nem de longe parecia uma ladeira, pois era quase uma linha vertical. Perdi a conta de quantas vezes eu tropecei e todos da comitiva riam de mim. Podem rir, filhos de uma puta.Nunca tinha vindo nesse lugar. Ficava bem antes do portão da COSANPA e nem de longe parecia com o Utinga.<br /><br />Não sei como esses miseráveis conseguiram, mas eles ainda eram mais pobres que as pessoas da rua da minha vó. Ao invés das casas de madeira ou de barro do Utinga, o que havia era caixotes. Pequenas estruturas de madeira suspensas por 6 ou 8 paus. Eu quis tirar fotos, mas fui advertido dos perigos daquele lugar. Isso é uma favela? Não, não é uma favela, me explicou a assistente social. Perguntei se eles estudavam o que era favela no curso de serviço social e ela me olhou de forma assassina.<br /><br />A primeira casa que nós visitamos ficava nos fundos de um açougue em que uns pedaços de carne ficavam no balcão em contato com as moscas.Devia ser algum tipo de propaganda especial mostrar que até as moscas preferiam a carne desse açougue em detrimento dos outros. Tampei os meus olhos com a mãe, fingindo me proteger do sol. Sem sucesso, uma criança pegou um pedaço de carne do balcão e começou a jogar para outra, começando um jogo hediondo que me causou ânsia de vômito.<br /><br />Quando chegamos a casa-alvo, eu já estava tão enojado que mal conseguia ficar em pé. O dono da casa não tinha um braço e o nome dele era a junção do pai, da mãe, de uns tios e de algum telescópio famoso. O dos filhos idem. O da mulher era Vânia. Todos foram examinados pela equipe. Quando uma das crianças abriu a boca, a dentista olhou com aquela cara que os médicos de filme de câncer fazem quando o paciente ja está careca e em estado terminal. A assistente de enfermagem perguntou se eu não queria perguntar nada e eu disse que não. O dono da casa chamou a atual prefeita de lésbica e se despediu de nós.<br /><br />A médica me advertiu de que eu não estava cumprindo a minha tarefa como jornalista e que eu não deveria deixar passar essa chance de estar cara a cara com a pobreza. Eu assenti de forma educada, desejando que ela morresse na minha frente. Ela e todas aquelas pessoas desgraçadas.Chegamos a segunda casa. Aliás, "casa". Um caixote suspendido por umas vigas embaixo. De lá, saiu uma mulher e três filhos com as caras bastante entediadas. Peraí, pobre não se entendia porque vive se fodendo? Não foi por isso que fiz esse voto idiota. Fui entrevista-los.<br /><br />O nome da senhora era o nome do pai+o nome da mãe+ o nome de uma vacina famosa. Perguntei algumas e descobri que ela morava no Telegrafo, mas teve que se mudar de lá por causa do pedágio. Pedágio para quê? Para ser fodida? Ela me explicou que os meliantes do Telegrafo cobram pedágio, depois de um certo horário e ela não queria mais ter que conviver com essas coisas. Perguntei do pai das crianças e ela disse que foi unzinho que ela conheceu por aí. Eu disse a ela que as repostas estupidas que estavam sendo dadas a mim estavam fazendo voltar a minha vontade de me matar. Com força total.<br /><br />Terceira casa. Altos e baixos. Um mulher loira desceu de lá. Nossa, se esse lugar fosse um complexo penintenciário, ela seria a Rita Cadillac. Ela cochichou com a médica que chamou a assistente de enfermagem. Devia ser DST. Essas velhas loiras vadias sempre tem DST. Aliás, toda loira tem.Se você é morena, a DST vem junto com a tintura. Amarelo na cabeça, amarelo na buceta. Vadias, desgraçadas, imundas, vagabundas. Dentro da casa havia um tapete brega, umas fotos de Jesus na parede e um quadro imenso com um tigre com a boca aberta.<br /><br />As três saíram do quarto sorrindo. Vadias. Deviam ter fodido de forma louca enquanto eu estava padecendo lá, destruído pelo meu voto de pobreza. Comecei a lembrar do meu horror da minha existência e vomitei diante de todos. A mulher loira me acompanhou. A assistente social virou o rosto, constrangida."Não vomito, mas vomito com pobreza. Me desculpem" dizia eu, enquanto limpava o vômito com o meu bloquinho de papel.<br /><br />A equipe me ajudou a sair da casa da mulher loira. O sol era o de meio dia. O suor escorria como uma cachoeira no meu rosto. Eu tambem sentia os pêlos da minha virilha aderindo de uma forma terrível com o suor. Assaduras. Eu precisava de uma pomada para assaduras que eu sempre uso nessas situações. Eu disse para a enfermeira e ela me olhou com repulsa.Eu expliquei a ela que não era viado, mas naquele momento, a pomada era essencial para a minha existência.<br /><br />"Não era assim o seu trabalho no coletivo palafita?" perguntou a médica." Não, não era assim. Não tão degradante. Se tratava apenas de alguns músicos, poetas e fotografos pensando em fazer festas para as pessoas. Existe muito iguais ao coletivo no país, realizando festas, animando o coração das pessoas com lindas músicas, peças de teatro, editais de cultura e coisas do tipo. Eu não era exposto a tanto horror, a tanta degradação. Me sinto o último dos desgraçados nesse lugar terrível. A van está tão distante agora, assim como o coletivo palafita, aquelas pessoas alegres, cheias de um amor sem igual.Não há mais amor, nem esperança. Eu estou nu diante do olho de fogo" expliquei para a comitiva médica que agora me chamava de promoter gratuíto.<br /><br />A nossa próxima parada era uma casa com dois idosos na frente. Ele capinava uma pequena porção de grama. A mulher estava sentada com três gatos e mais quatro no chão. A pressão dela e do marido foi medida de forma entediada pelos enfermeiros. Eles pareciam entediados. Pobres, fodidos, mas extremamente entediados. Ao ver o tédio deles, a minha euforia foi diminuindo mais, assim como o suor da minha virilha. A senhora nos ofereceu um pouco de água. Água água mesmo, sem gás.Voltamos para a van que saiu daquele lugar aos tropeços, fazendo as minhas hemorróidas sangrarem.<br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-21934356974409524882010-08-12T20:02:00.000-07:002010-08-12T23:42:29.089-07:00Vida sem vaidade 3 de 5: A quadra.<div style="text-align: justify;">Minha vó me acorda com muita violência. Tenho vontade de mata-la. A noite passada tinha sido algo realmente violento, eu me embriaguei com muito álcool e tinha dado um passeio assassino com os meus primos pela cidade tomando vodka Absolut, quebrando o meu voto de pobreza. Minha vó raramente acorda cedo, quando jovem , ela morava em um interior terrível em que as pessoas quebravam o pescoço de garças para sobreviver. Ela deve ter quebrado o pescoço de muitos outros bichos devido a frieza terrível que ela demonstra com tudo. Meu avô, um adolescente doente como eu, se apaixonou por aquela selvageria e a tratou como se fosse uma princesa negra.<br /><br />Deu a ela todo o luxo que precisava: Empregada doméstica, carne de primeira e umas vilas para ela administrar, coisa que ela fez muito melhor que ele. Uma vez, um grupo de meninos morou em uma das casas que ela alugava, eles demoravam muito a pagar e isso a irritava profundamente. Uma dia, ela pediu a uns amigos mal-encarados dela para fazer a despeja dos homens. As coisas dos rapazes foram jogadas no meio da rua e ela jogou na borboleta (numeros 14 e 15) e ganhou um bom dinheiro com isso.<br /><br />Quando eu era criança, ela era a minha figura favorita. Bem diferente da minha vó materna que adora chorar pelo horror do mundo, minha outra vó odeia bichas, frouxos, mulheres duvidosas, rapazes duvidosos, crianças mal- criadas e coisas assim. Ela ri pouquíssimo e explica que mulheres que passam tempo demais rindo são prostitutas vadias. Homens que passam tempo rindo demais são viados. Crianças que passam tempo rindo demais serão futuros lésbicas/viados e por aí vai. Ela sempre me considerou uma criança extremamente doente.<br /><br />Primeiro foi a minha asma que me impedia de brincar com as outras crianças e me deixava um pouco amarelo e cheio de olheiras demais. Ela recomendou a minha mãe que comprasse um aparelho de aerosol para eu usar em casa, minha mãe comprou mas não me ensinou a usar. Nas noites em que ela ou o meu pai saíam , eu passava a noite padecendo de asma, pois a nossa empregada não sabia contar as gotas de berotec.<br /><br />Minha vó me ensinou a fazer a nebulização. Ela enchia frascos vazios de berotec e atrovente com água e fazia eu colocar as gotinhas do jeito certo, sempre contando para não passar da contagem certa. Meu pai ficou horrorizado, ao ver eu me curar de uma crise de asma sem ajuda de ninguém aos seis anos de idade. Bem, isso não é planeta Góes, vamos voltar a manhã que eu fui acordado de forma brusca.Minha vó me chamou para ver algo e eu fui, semi bebado, com ela até a calçada.<br /><br />Um rapaz esfaqueado jazia lá. Meus primos já estavam lá há algumas horas. Para entrar no clima da coisa, eu comecei a vomitar. O circo se armou logo: Umas moças completamente descabeladas surgiram do nada, gritando como loucas e balançando o cadaver e perguntando a ele como isso pode ter acontecido, o cadaver respondia melando as roupas dela de sangue e baba. " Ele cagou na calça, além de bandido, ainda era viado" concluiu a minha vó. Perguntei o motivo dessa indagação e ela respondeu que viados, geralmente, tem o cu frouxo.<br /><br />Os outros vizinhos começaram a chegar e o rapaz que vendia coxinha tambem. Ele me ofereceu a coxinha, que estava mais nojenta que as calças do cadaver , por dois reais. Eu recusei, justificando com o meu voto de pobreza. A viatura apareceu uma hora depois de eu ter visto o corpo pela primeira vez. Deu duas voltas inconclusivas em volta das pessoas e foi embora, depois passou de novo com o vidro abaixado e os policiais olhando com um olhar cruel e ameaçador para as pessoas e sumiu de novo na esquina.<br /><br />Uma senhora, amiga da minha vó, conhecida como dona Neida, mãe de 6 filhos, ex- funcionária pública, mas que agora trabalha em uma banca do JB trouxe um lençol e jogou em cima do morto."É o sexto lençol que eu uso para cobrir um morto aqui. Me parte o coração, mas a funerária ou a família sempre me repõe com um lençol novo ou algo mais bonito como esse vaso de flores artificiais que eu ponho aqui no lado da minha banca de jogo do bicho.Toda vez que eu risco o quadro com o giz, eu olho para esse vaso e lembro de quando vi uma margarida de verdade. Naquela época, as montanhas eram jovens e os pássaros cantavam coisas tão lindas que faziam o meu coração encher de uma esperança, que hoje ,não existe mais nesse mundo. Onde está o cheiro do orvalho da montanha? Onde está a canção dos pássaros? Será que tudo isso se perdeu na nossa arrogância? Na nossa paixão pelo sexo? Pelo efemero? Como fomos nos tornar tão vazios? Tão ocos?" ela explica.<br /><br />A ambulância chega duas horas do morto ser descoberto. Dois funcionários eficientes entubam o morto. Minha vó ri. Eu vomito. A unidade de polícia envia dois policiais que interrogam a minha vó e os meus primos sobre o ocorrido. Eu também sou interrogado, mas contribuo bem pouco por ainda estar semi-bebado. Pergunto ao policial se posso ir a unidade outra vez para uma segunda visita e ele diz que as portas de lá sempre estarão abertas para a imprensa, desde que essa não seja marrom.<br /><br />14 horas da tarde, eu sigo para a unidade de polícia. Do lado, dois cavalos mortos são arrastados para a carroceria de um caminhão. O sangue deixa trilha por onde passa. Eu vomito mais um pouco. Lá dentro, eu sou recepcionado pelo delegado que afirma ter gostado muito do blog do coletivo palafita que eu indiquei na minha última visita a delegacia como o meu local de trabalho. "O senhor não viu nada. A cultura é algo lindo" eu concluo. Sem querer falar mais sobre isso, eu pergunto mais sobre o crime ocorrido pela manhã.<br /><br />Ele me explica que o elemento conhecido como gringo morreu por causa de um acerto de contas por causa de drogas ("muito normal") e que isso ocorre em uma média de 5.67% arrendondando para 5,75% ao ano no bairro.Mas a policia e o DENARC estão preocupados mesmo é com a incidência de crack que só aumenta. A média de bocas de fumo que foram estouradas e continham crack nos seus inventários chega a ser 13,5%. Outro fator terrível é hereditariedade dos hábitos do tráfico. No utinga, não existe ditado mais adequado do que aquele do filho do peixe e a sua sina.<br /><br />Crianças de dez, onze anos já são habeis traficantes treinados pelos próprios pais para a distribuição de drogas. Não é raro que filhos adotem ideologias de tráfico diferentes das dos pais e os executem para poder seguir em frente com a sua carreira no mundo da distribuição de drogas ílicitas.<br /><br />O morador Heitor montou uma quadra poliesportiva para as crianças fazerem outra coisa que não seja se drogar ou pensar no mercado das drogas. Ele organizava ,com a mulher e mais as duas filhas, diversas atividades para entreter as crianças. A quadra vivia lotada de adolescentes de todas as idades. A quantidade subia e subia. Heitor era citado na igreja Quadrangular, onde cultuava Deus, o rei dos hebreus, algoz do Egito. Um dia, ele chegou em casa e surpreendeu a mulher levando no cu de forma violenta na cama de forma de coração deles dois. O sangue gotejando sobre os lençóis.<br /><br />Para piorar, a quadra poliesportiva virou Gomorra. Os traficantes locais se reuniam e vendiam drogas para as crianças novas.Loló para as meninas; maconha para os universitários do bairro;cocaína para os meninos ricos dos condomínios próximos ; merla para os amapaenses que choravam pela terra amada e crack para as crianças. Com o tempo, a quadra passou a ser sodoma também, alguns travestis passaram a fazer programas lá, sujando os lençóis de toda a cidade das mangueiras de sangue.<br /><br />Heitor fugiu do bairro. A quadra foi fechada e destruída. " Admiro a posturas como a do senhor Heitor, mas essa terra só será livre do mal, quando o oceano engulir tudo" explica o delegado. Eu concordo e reparo na cafeteira que não para de pingar.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-5132824344217490212010-08-11T19:13:00.000-07:002010-08-12T00:24:33.032-07:00Vida sem vaidade 2 de 5: Santo Antônio<div style="text-align: justify;">Meu voto de pobreza foi quebrado inúmeras vezes. Não consigo manter promessas, nem votos, nem contratos, nem nada assim. Por essa razão, eu resolvi mante-lo apenas em casa ou quando saía atrás de coisas interessantes para escrever aqui. Eu estava começando a irritar seriamente a minha família com mais essa invenção, eu já os irrito com as minhas cento e cinquenta manias e agora com mais essa "invenção de moda", eles estavam ficando bem mais irritados que o normal.<br /><br />Eu nem ligava.<br /><br />Pedi uma indicação da minha avó de alguém suficientemente interessante para entrevistar e ela se indicou. Eu expliquei que ela não era uma boa idéia, eu procurava alguém mais distante de mim para escrever para os meus leitores que deviam estar cansados de ouvir falar apenas sobre a minha família e coisas relacionadas a minha pessoa.Ela me fitou com desprezo e me indicou as lésbicas coveiras que moravam no ramal, uma área terrivelmente perigosa que ficava em uma das diversas bifurcações do utinga.<br /><br />Este ramal é um lugar realmente perigoso. Meu coração gela ao digitar sobre ele. A obra da primeiro de dezembro dividiu o utinga em dois. Do lado de cá da pista fica a casa da minha vó com casas de madeira e alvenaria com moradores de classe média; do lado de lá fica o ramal, o pantanal e outras areas perigosas. A entrada para esses lugares se dá através de uma pequena rua cheia de pequenos miniboxes, açougues, pessoas vendendo coisas em carrinho de vender coisas, populares mal encarados, barracas de peixe e coisas do tipo. Depois de passar por essa pequena rua, uma igreja universal maior que todas as casas do local surge, por trás dela começa um labirito infinito de palafitas semi-podres.<br /><br />Andar na madeira faz a mesma ranger, andar devagar também, respirar idem. A tal casa funerária fica além dessas palafitas, em um local chamado pantanal. Após visualizar o local, o nome fica óbvio: um pequeno pântano com água por todos os lados. Ao chegar lá, fiquei extremamente preocupado por não achar a maldita funerária. Comecei a pensar que era uma emboscada da minha avó. Sentei em um banquinho e comecei a me sentir mal, usei o meu foradil para manter o ar saindo e entrando. Eu pedi ajuda a um homem que estava passando por lá e ele me apontou a tal funerária e me acompanhou até lá, não sem antes de perguntar se alguem de mim quem eu era.<br /><br />Eu olhei para ele e disse que era jornalista. Ele perguntou de que jornal e eu expliquei que eu tinha um blog. O que é um blog? Fiz uma cara séria e comprometida para ele achar que se tratava de algo importante. Ele me disse que se eu quisesse saber de algo importante, eu devia perguntar sobre os OVNIS que rondavam a área. Pelo amor de Deus. Ainda bem que chegamos a tempo antes dele me falar mais sobre. A funerária ficava em um lugar realmente desolado e esquisito. O lugar era meio grandinho e tinha uma garagem que comportava dois carros, uma pequena sala com caixões, uma outra que servia para velar os corpos, dessa última sala saía uma extensão que ligada a outra extensão fornecia energia ao letreiro FUNERÁRIA SANTO ANTÔNIO.<br /><br />Bati, bati e ninguém atendeu. Um vizinho que morava ao lado em uma casa de barro disse que as moças estavam viajando para Salinas. Vadias lésbicas. Salinas. Como posso continuar o meu estudo sobre a pobreza com lésbicas que viajam para um litoral? Isso parece Macapá. Decidi voltar para casa, mas antes, o vizinho das lésbicas perguntou se a minha vó era a minha vó. Eu disse que era e ele me perguntou o que eu queria com as lésbicas e eu contei o meu plano de falar sobre a pobreza em cinco lindos posts. Ele me encarou e disse que viados e lésbicas não sabem o que essas coisas são, pois vivem em constante pecado.<br /><br />Jesus Cristo sabia o que era pecado. Na sua triste infância, ele deve ter comido muitos lagartos e coisas terríveis. Eu perguntei onde Jesus passou estava nessa epoca para comer lagartos e tudo mais. Ele disse que Jesus morava na África nessa época. Eu imaginei leões e macacos com jesus, mas depois lembrei que o Egito ficava no continente africano e jesus tinha fugido de Herodes pra lá. Para o meu horror, ele saiu da sua janela e veio me explicar pessoalmente toda a trajetória da fuga de cristo em evangélico apócrifo que ele leu no inferno.<br /><br />O dia foi passando rapidamente, o céu escurecendo, os grilos cantando e agora eu estava ouvindo sobre como o profeta Paulo conseguia notar a exaltação das pessoas para quem ele pregava, mesmo sendo um cara cego. De vez em quando, uma mosca ou um mosquito voava tão perto do meu ouvido que o zumbido me deixava com vontade de estraçalhar, matar e estuprar (não nessa ordem). Perguntei se ele não tinha repelente OFF para eu passar nas minhas pernas e ele disse que tinha uma vela de andiroba.<br /><br />O cheiro imundo da vela me deu ânsia de vômito. Ele me disse que ele mesmo fabricava as velas desde 1987 com o irmão. Eles manufaturavam as velas, encaixotavam e vendiam para uns paulistas que faziam pesquisas no parque do Utinga para descobrir novas espécies de sapos. Um dia, ele ouviu os biólogos conversando sobre como matam macacos com solução salina e isso apavorou ele e irmão. Eles passaram a ficar preocupados com medo de que os paulistas fizessem o mesmo com eles. O único jeito era matar os desgraçados antes que isso acontecesse.<br /><br />O irmão dele não precisou dos paulistas para morrer. Uma tarde qualquer, ele caiu de cara na lama e ficou lá apodrecendo. As vizinhas lésbicas chegaram pela noite e encontraram o pobre homem já morto na lama. O velório foi realizado na funerária delas. Para essas ocasiões, elas vestiam roupas decentes, explica o velho. Uma usava um vestido e a outra, um terninho. Fêmea e macho. No mesmo dia, um bebê do ramal também tinha morrido. Ele foi velado em um pequeno caixão branco. A mãe não chorava pelo fato desse ser o segundo bebê que morria em sua prole, talvez ela estivesse aliviada com o fato de ter menos despesa que o normal com outra criança.<br /><br />Dois velórios aconteceram ao mesmo tempo. O da criaça, totalmente lotado e o do irmão do velho com uns gatos pingados. As lésbicas se revezavam de forma eficiente para administrar o velório simultâneo. Ás 18 horas desse dia, o primeiro cortejo saiu do local. As pessoas iriam pelas palafitas e as lésbicas levariam os caixões por uma rota que acabaria também no portão da COSANPA, no fim, todos iam se encontrar e seguir para o enterro em algum cemitério popular.<br /><br />Até hoje, ele paga a manuntenção da sepultura. Pedi para ir embora para casa e o velho me acompanhou até a primeiro de dezembro. Atravessei a rua para a casa da minha vó, tomei banho, pedi pizza e dormi no ar-condicionado. Eu tinha quebrado meu voto de pobreza outras, mas quem liga?<br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-63824494642215181922010-08-09T19:26:00.000-07:002010-08-11T12:35:33.228-07:00Vida sem vaidade 1 de 5: O voto de pobreza.<div style="text-align: justify;">O dia de quem é entediado é extremamente longo. Eu nunca trabalhei na vida, nem tive nenhuma obrigação. Em casa, nós sempre tivemos empregada doméstica, o que me livrou de obrigações terríveis como lavar a minha própria cueca ou, na pior das hipoteses, lavar o prato que eu como.Este ócio magnifico é ótimo para a minha criatividade, pois como eu não tenho nada para fazer, eu me dedico a ter idéias, no entanto, não gosto de executa-las. Dá trabalho demais.<br /><br />O ócio também desperta a minha depressão, como eu não tenho nada para fazer, eu me dedico a ficar terrivelmente deprimido o dia toda. Eu choro pelo horror do mundo, pelos judeus do holocausto, pelas crianças da África e pelo meu próprio drama pessoal.Ás vezes, gosto de dizer a minha mãe que vou me matar, ela fica arrasada e eu me divirto um pouco. Pena que não dura o suficiente.<br /><br />Um dia desses, estávamos vendo na tv um multirão de pobres sendo prensados contra um portão por causa de um vale-comida qualquer. Alguns deles sangravam bastante e outros estavam prestes a sangrar dessa forma, o que importa nisso tudo é que eles não pareciam entediados.Comentei isso com a minha mãe e ela respondeu que quem é fodido não se entedia, pois precisa sobreviver. Que inveja, eu disse em voz alta. Ao ouvir isso, a minha mãe começou a me humilhar dizendo que eu não conseguiria passar um dia de pobre porque sou mimado e extremamente alienado.<br /><br />Talvez, ela tenha razão, mas na hora eu quis desafiá-la e disse a ela que eu entraria em um voto de pobreza, onde eu iria sobreviver apenas com o necessário para a sobrevivência.Minha mãe e a empregada riram.Riram bastante. Minha mãe sugeriu que trabalhar fosse um remédio melhor que essas minhas idéias ridiculas.Eu apontei o dedo para ela e disse que o meu drama pessoal jamais deixará eu arranjar um trabalho, depois mudamos de assunto e falamos a respeito do muro do nosso vizinho que foi pintado de roxo.<br /><br />Rimos bastante do muro e de como o vizinho é corno, crente e retardado. Depois, eu resolvi dormir para curar o sono de quem passou a noite na internet. Chorei um pouco e afundei em sono sem sonhos. Acordei com a alma destruída pelo horror da existência e resolvi ler um bom livro. O voto de pobreza tinha sumido da minha mente, pois eu estava pensando em que passeio vazio, eu iria fazer na sexta-feira e de como eu seria terrívelmente falso com todos que viessem falar comigo.<br /><br />Sou o melhor dos sociopatas. Gosto de reunir um grande grupo a minha volta com piadas e auto- degradação para me sentir vivo, quando essas pessoas se afastam de mim, eu volto a ser triste, deprimido e chorar pelo horror do mundo. Quando as pessoas permanecem, o tédio me domina e eu sinto ódio de cada uma delas.Mas não tenho coragem de dizer isso a elas, dá trabalho demais.<br /><br />Chegou sexta feira. Me reuní com um grupo de adolescentes com um violão( que eu odeio). Eles estavam particulamente alegres naquele dia. Jovens alegres significa bastante papo imbecil e foi o que, de fato, aconteceu. Os assuntos variavam da pura idiotice a pura panaquice. Momentos iluminados, até que eles começaram a falar de relacionamentos.Ainda bem que eu estava realmente bebado.<br /><br />Uma mocinha de quinze anos começou a auto-analisar o seu carater nas relações que ela mantinha. Sem coração, era como ela se definia.Os seus namorados e pretendentes eram todos amarrados em uma teia de enganação e mentira criados por ela, uma moça sem medo de ser feliz. Enquanto ela dizia isso, ela acendia o cigarro e gesticulava com uma mão só para demonstrar segurança as outras meninas e elas aplaudiam.<br /><br />Outra moça, de dezoito, explanava o quanto o ex-namorada era poético e psicopata. Enviava a ela os mais lindos poemas sobre montanhas, flores, animais e criaturas gregas no inicio do namoro e no fim, explicava a ela em versos como iria fatiar a sua carne e depositar em pequenos vasos de plantas. As outras meninas exclamaram assustadas e disseram a ela que foi uma boa idéia ter se livrado de alguem tão doente.<br /><br />O mais chocado da roda era eu. Não com o relato do namorado psicopata ou da menina debutante que se fazia de puta vazia, mas era com o que eu estava fazendo naquele lugar tão idiota com aqueles projetos de adultos que eu sempre odiei durante toda a minha vida. Se eu continuasse assim, o meu futuro ia ser uma corda, um bala na cabeça ou um saco de chumbinho. Voltei para casa desolado. Meu coração destruido.Deitei, mas demorei a dormir. Para piorar, minha mãe tinha marcado uma viagem idiota para Belém do pará, uma cidade que eu odeio.<br /><br />Pela manhã, eu acordei decidido a voltar com o meu voto de pobreza e pior, iria mergulhar brutalmente no mundo da pobreza, onde as pessoas não são entediadas porque vivem fodidas demais, e iria fazer uma magnífica reportagem e estudo da pobreza em cinco capítulos. A terrível viagem para Belém iria cair como uma luva porque o lugar onde eu fico lá é uma boca de fumo habitacional.<br /><br />Minha viagem era as cinco da manhã de um dia, eu comecei o voto de pobreza ao meio dia do anterior. Para começar, desliguei o ar-condicionado e tirei os lençóis da cama. E empregada teria que lavar as minhas roupas ainda ou eu descontextualizaria do seu papel na minha casa. Fiquei ansioso para viajar e comecei a suar bastante, sem poder ligar o ar-condicionado, eu usei um leque do círio,mas o esforço com o leque me fez suar mais ainda.<br /><br />Então tomei um banho, dois banhos, três banhos ( sem sabonete por causa do voto) e fiquei na frente da minha casa para pegar o vento da lagoa. Bem, vamos pular essa parte para não ficar prolixo demais.Como já citei antes, o bom jornalista precisa ser objetivo.Vamos pular para o lugar que é alvo desse genial estudo da pobreza em cinco partes.<br /><br />O lugar onde eu fico em Belém é conhecido pelos moradores antigos e pelas pessoas de fora do bairro como utinga, devido a mata com o mesmo nome que fica bem em frente ao bairro, protegida pela empresa de agua de Belém, a COSANPA. Hoje, o lugar é cortado por um alargamento da rua (ou será avenida) primeiro de dezembro, uma obra que demorou uns dez anos para ser concluída,e integrou o lugar ao resto da cidade.Nem sempre foi assim. Antigamente, quem quisesse sair do bairro que não fosse pela entrada, iria andar, andar, andar, ver casas pobres, pessoas pobres, hortas, árvores gigantes até se tocar que estava voltando ao mesmo lugar de onde saiu, o portão da COSANPA.<br /><br />Minha família chegou lá nos anos 60 ou 70, minha mãe já era nascida. O lugar era um matagal fechado, poucas pessoas ousavam a morar lá. Como era perto da COSANPA, milhares de tubos enfeitavam a paisagem do local. Meu avô demarcou uma grande parte de terreno e registrou como dele, aliás, ele e a família dele fizeram isso com outros terrenos em Belém. Nesse terreno imenso, ele construiu uma casa confortavel para a familia e no resto do terreno, ele construiu várias vilas com casebres de tamanho variado. Há uma vila lá que tem casas de dois andares, o andar de baixo feito de barro e o de cima com madeira, há outra que as casas são especialmente pobres, pequenas e feitas de barro e no fundo, outra mais pobre ainda com casas de madeira, fossas ao céu aberto.<br /><br />Os primeiros habitantes do local conseguiram fazer casas confortaveis, o mesmo não aconteceu com o resto. O IPTU e outras coisas foram enxotando as pessoas do centro da cidade e de outros bairros mais populares da cidade e o jeito foi todos se embrenharem em lugares mais, mais, mais...Ai, porra, a palavra não me vem a cabeça. O fato que o mato foi sendo invadido mais e mais, criando muitas bifurcações para direita, esquerda e para baixo(?). A população crescente não teve como ser atendida pelos orgãos públicos da cidade ,que estavam ocupados em cuidar de muitos focos parecidos como esse, e acabou criando habitações bem diferents do padrão Belle Epoque que há no centro da cidade.<br /><br />A criminalidade é piada interna entre os moradores. Em 2005, quando fui prestar vestibular e voltei de lá devido ao meu drama pessoal, houve uma pequena saga de sangue, horror e destruição. Pinga-fogo, um dos bandidos mais conhecido do lugar, teve um dos seus filhos morto em um tiroteio. Acerto de contas. O rapaz , que apesar dos 13 anos, era extremamente violento, estava copulando com a sua namoradinha, quando levou uns três tiros na nuca e uma facada no intestino só para descontrair. A moça saiu correndo com muito medo e alguns meses depois estava grávida do assassino do namorado morto.<br /><br />A morte do rapaz gerou uma onda de assassinato e horror. Era muito normal, os jovens estarem fazendo um piquenique de crack quando um louco pulava no meio e metia facadas em todos. Civís eram metido na guerra tambem, afinal se você não se interessa pela guerra, ela se interessa por você, dizia um pensador aí. Um rapaz que estava visitando a namorada no dia dos namorados levou 26 facadas e foi escondido dentro de cano, lá ele passou um bom tempo apodrecendo e sendo comido por animais, quando foi descoberto, ele estava meio podre demais. Caixão fechado.Ao saber da morte do rapaz, a minha vó jogou CARNEIRO 26 na banca JB do local e ganhou uns 300 reais.<br /><br />As mortes só foram findar quando o bendito assassino do filho do pinga-fogo foi morto com uns tiros no peito. O próprio pinga-fogo saiu derrotado do Utinga, destruido e com a família quase toda assassinada, ele resolveu ir morar em cayena, onde vive até hoje. Ninguem mais soube notícias dele, Ninguém mais quer saber notícias dele.<br /><br />A polícia mantem uma postura meio sei lá em relação a violência: "Acontece, sempre aconteceu. Eu nasci aqui e vi as pessoas boas virando doutores e as pessoas ruins virando bandidas. A média de assaltos aqui é de 2,25% arrendondando para 2,5% e é uma média normal, eu acho.Na doca é mesma coisa. Andar em qualquer na rua é 3,25% para 3,75% de chances de ser assaltado. Não podemos estar em todos os cantos, as pessoas tem que se prevenir. Ontem, uma moça chegou com a orelha rasgada. Porra, andar de argolão na passagem cruzeiro não tem condições. O paraense é muito esbanjador. Mostra mais do que tem e só se fode"explica o delegado.<br /><br />Esqueci de dizer que esse relato é do meu segundo dia em Belém do pará, quando eu emprestei um gravador do meu primo e fui até a delegacia do local que fica do outro lado da casa da minha vó. Lá, eu disse que era jornalista, eles acreditaram e me ofereceram café, eu recusei por causa do meu voto de pobreza, eu pedi água da torneira. Quando a água caiu no copo, ela veio misturada com barro suficiente para fazer aquela cena famosa do filme GHOST. Os policiais do local foram super generosos comigo e se mostraram bastante felizes em mostrar as suas habilidades, como aconteceu na hora em que fomos visitar um local intermediário entre o hall da delegacia e as celas.<br /><br />Lá estava um rapaz de 17, 18 anos com a cara sangrando, embaixo dele havia muito papel higienico para conter o sangramento. Ao ver a cena, eu percebi que a melhor coisa da vida é não ter momentos existenciais inúteis e se meter em aventuras desnecessárias e incômodas. Pensei em dizer que tinha que ir ver a minha avó ou algo assim, mas do lado do "elemento" havia dois policiais bastante orgulhosos, meio que exibindo a caça para o gordinho com cara de idiota.Eles disseram que o nome do homem era chimbinha e tinha sido surpreendido roubando a casa de uma senhora do bairro, mas teve o azar de ter sido surpreendido pelos populares que "meteram o caralho"nele.<br /><br />"Vamos mandar ele para um hospital, nenhum homem morreu aqui quando eu estou de plantão", explica o delegado. "Vai melhorar depois disso né, chimbinha? Vai cortar essa mecha do caralho, vai trabalhar e ter uma vida decente" declama o delegado."Gluuuurp (vomita sangue) eu...grlurrrrp( mais sangue)" concorda o elemento. O delegado me pergunta se eu quero saber de algo pela boca do próprio chimbinha e eu digo que não, as poucas palavras que o acusado falou, foram suficientes para mim. O delegado dá uma risada cristalina que acende nos seus subordinados a vontade de obedece-lo.<br /><br />Ele pergunta em que jornal, isso vai ser publicado. Eu digo que tenho um blog e que por enquanto, eu estou desempregado. Ele pede o endereço do blog e eu dou o do antigo blog que eu participava e peço para eles aguardarem a minha postagem sobre o dia em que eu fui lá e passei duas horas e meia com eles. Os policiais sugerem uma foto para a ocasião e eu nego por causa do meu voto de pobreza. Os astros da foto devem ser eles.<br /><br />Eles tiram o chimbinha do banco e colocam ele em algum lugar que eu não sei. Limpam o sangue do chão com pinho sol. O banco sujo é limpo com óleo de peroba e brilha como novo. O delegado senta no centro do banco e os policiais da unidade ficam em pé com rostos orgulhosos e austeros.A mulher que fáz o café tambem é chamada.Doido para sair de lá, eu bato a foto. Uma foto que eu jamais vou postar.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-4346982630746626232010-08-08T08:36:00.000-07:002010-08-25T03:55:39.624-07:00Planeta Góes 9 de 9: O homem sorridente<div style="text-align: justify;">Uma família de negros mora na rua da casa da minha vó paterna. Eles moram em um casebre de madeira menor que o meu quarto.Duas portas e quatro janelas. O casebre é derrubado de dois em dois anos, pois a madeira precisa ser trocada por causa da tinta dos numeros dos candidatos que sempre enfeita a fachada da casa.<br /><br />Um dos filhos é flamenguista. Ele sempre ameaçou atear fogo no corpo nas derrotas do time. Um dia, o time perdeu. Ele ateou fogo no irmão caçula.Queimaduras de terceiro grau. Alguns me disseram que a pele estava tão queimada que, de vez em quando, umas bolhas estouravam.<br /><br />Igual bacon, quando se coloca muito óleo na frigideira.Eu adoro bacon.<br /><br />A matriarca da família tem um pé torto e tem dificuldades para andar. Ela se apóia em uma bengala, mesmo assim, ela teve sete filhos.Conheci muitas pessoas que são deficientes e mesmo assim tem filhos. Acho que transar com aleijados era uma tendência na época.<br /><br />Na época de eleição, um homem sorridente sempre visita a familia. Beija o rosto das crianças sujas, comenta com os habitantes da casa que o chão precisa de um tapete novo,traz um nova dentadura para os idosos. Ele almoça uma comida que ele jamais engoliria na sua própria casa. Os dentes das crianças, podres e sujos de farinha, lhe desperta um nojo profundo.<br /><br />As pessoas da casa começam a listar as dificuldades da família. Muitas dificuldades. Uma das filhas da senhora aleijada sorri de forma insinuante. Ela é lésbica, porém, nos anos de eleição, ela muda de idéia. Ele já comeu ela em um motel com espelho no teto. Os amigos ficaram impressionados com o relato de como a buceta dela peidava enquanto ele a penetrava.Será que eles teriam a mesma reação ao saber que ele se lavava mais que o normal depois de fazer sexo com a moça?<br /><br />Um cachorro marrom de três patas manca pela casa. Ele espera pelos restos do almoço. Um dos rapazes joga um osso para ele e o animal manca loucamente atrás. A família ri. A velha aleijada é a que ri mais alto. Ela se indentifica com o cachorro aleijado. Irmão de causa. Falar de cachorros é doloroso demais para mim.<br /><br />O homem sorridente tira milhares de blocos de papel do carro. Papéis cheios de rostos com uma expressão de felicidade tão vazia quanto a dele.O sorriso demonstra confiança. Se um dia, o leitor for atropelado, quebrar vários ossos do corpo, cair na lama e encontrar um desses santinhos, certamente, a confiança de dias melhores virão a sua mente.<br /><br />Os habitantes da casa recebem os papéis. O cheiro de algo novo invade a casa. Os rapazes mais fortes tiram galões de tinta do carro, mas são proibidos de usa-los, pois são analfabetos e podem trocar os números. Uma das crianças tenta fazer um barquinho com os papéis, mas é espancada pela mãe.<br /><br />A estratégia de distribuição de santinhos é minunciosamente explicada . As moças que sabem escrever, irão cuidar da pesquisa de opinião.O homem sorridente explica que é bom comprar roupas novas para o ofício.Tudo explicado e ele deixa a família. Abraça cada uma daquelas crianças imundas. Muitos beijinhos na bochecha. O vômito sobe, mas ele se controla.No caminho para casa, ele refaz o seu esquema mental com o intuito de saber se não esqueceu nada.Não, ele nunca esquece.<br /><br />Em casa, ele chama a empregada. Ele já comeu ela também em um motel com espelho no teto. Os amigos ficaram impressionados com o relato de sexo anal. Hoje , no entanto, é uma ocasião diferente. O filho dela de 19 anos se enforcou. Ele se finge de pesar e afirma a empregada que irá ajudar no que for preciso e dá um bloco de santinhos para ela. O homem da foto sorri para a mãe do rapaz morto e ela sorri para ele. Conforto.<br /><br />A empregada agradece a atenção. Ela diz que nunca esperava isso do filho. Ele tem vontade de rir com a ingenuidade dela. Nós dois temos. Mesmo assim, ele diz a ela que essas coisas são normais, todo homem deve ter tido isso, para finalizar ele culpa uma garota qualquer. A empregada pensa, pensa, pensa e acaba constatando que não sabe o motivo da morte do filho.O mesmo vai acontecer com ela daqui a alguns anos, quando ela cair em uma festa de família. Os médicos vão olhar, olhar, olhar e depois vão comprar alguma coisa para comer na esquina.<br /><br />A casa dele é grande. Nove portas e umas quatorze janelas.A esposa dele possui a tradicional beleza amapaense. Ele não sabe quando deixou de ama-la.Ele não faz amor com ela em um quarto de motel com espelho no teto. A rotina acaba juntando os dois na mesma cama. Existe um retrato de Jesus na parede. Um jesus crucificado e extremamente entediado. Outras imagens sagradas se espalham para casa. Uma vez, ele perguntou se não era uma idéia por uma foto do homem, do governador em uma parede do quarto.Boa idéia, ela disse.<br /><br />O retrato está lá.O fundo dele é azul. A água do rio amazonas é marrom.Parece merda de caganeira. Somos banhados por merda de caganeira. O riso toma conta de mim. O riso vira convulsão. A convulsão vira choro. O choro vira angústia. A angústia vira indiferença. Um homem tem uma convulsão do meu lado e eu rezo para que ele morra logo.<br /><br />O homem sorridente faz uma visita a feira. Ele é recebido pelos feirantes com uma emoção sem igual. Essa emoção garantirá a cada um deles, uma nova barraca.A feira desperta algo ruim neles. Nojo do cheiro, das pessoas, do calor, da situação, da poeira invadindo os alimentos. As pernas dele tremem nessa hora. Um tremor que não derruba. Ele já é acostumado. Eu também. Ele coloca um bloco de santinhos em cada barraca e se despede das pessoas.<br /><br />No caminho, ele encontra uma amiga. Uma amiga dos tempos de colégio. Gorda como uma vaca.Ela o importuna falando da vida medíocre dela que não tão diferente da vida dele. A conversa dura uns 10 minutos. O cheiro de camarão e peixe irrita o nariz de ambos.A despedida é feita com dois beijinhos no rosto.O rosto grudento dela desperta uma angústia terrível nele.<br /><br />Um outdoor gigante é levantado em uma grande avenida. O candidato se eleva em tamanho grande. Vizinho dele, outros candidatos com sorrisos tão vazios quanto . O nosso protagonista também tem o seu sorriso vazio estampado no rosto. Perto dali, ele observa um cachorro preto, morto, com a cabeça esmagada.<br /><br />O cachorro preto, disse a mãe dele, é o demônio.<br /><br />Bem, se for assim, o demônio também padeceu aqui nessa terra.As pessoas que passam do lado ficam realmente enojadas com a porqueira do cadaver do cão.Ele chega perto do cachorro e repara que as tripas dele foram um estranho padrão, uma mensagem.Deve ser algo místico, algo que os nossos antepassados saberiam ler e nós esquecemos.<br /><br />Ele deixa o cachorro e se dirige a casa da amante. Emporcalha os peitos dela com uma espanhola e a faz lamber. É o que ela merece. Ele memoriza todos os seus movimentos durante o sexo para contar aos amigos mais tarde.Depois de tudo, ele observa a casa da mulher. Um mal gosto terrível. Cortinas vermelhas. Ela parece a porra de uma cigana. Ele não podia esperar nada melhor .<br /><br />Ela faz um café amargo. Ele se engasga. Está forte demais.Eu poderia ler o meu futuro nas borras desse café, ele reclama. Ela deita no colo dele e pede desculpas. Ele tira o pau para fora e força na garganta dela. O susto é tanto que ela vomita e é estapeada para deixar de ser tão otária. Eles se despedem . Ela escova o dente para tirar o gosto de porra e vômito da boca.<br /><br />Agosto é o inicio do verão em Macapá. Quatro meses terríveis de tortura. Não há arvores suficiente para se proteger do sol. Os mais fracos padecem no inferno, os mais fortes usam ar-condicionado.A vegetação fica na frente da minha casa fica completamente seca.Uma faísca vira um grande incêndio. Ano passado, isso aconteceu. Nós ficamos sufocados com a fumaça. Quando tudo passou, a vegetação ficou completamente destruída.Uma arvore antiga e grande virou uma tocha gigante e depois morreu.<br /><br />Eu olhei a paisagem da frente da minha casa com o coração desolado. Sempre gostei da reação das pessoas ao verem o imenso matagal onde eu moro. A lagoa, as garças, o barulho de grilo e tudo mais pareciam ter sido engulidos pela fumaça. Os meus pulmões tambem. Nesta mesma época, a expofeira drenou toda a energia da cidade. De três em três horas, só havia silencio e cheiro de fumaça. Parecia o fim de tudo que era vivo.Na verdade, era.<br /><br />Nosso protagonista ( o homem sorridente, não eu) visita um asilo. Aquelas pessoas que moram lá ficam felizes com a sua visita. Ele cumprimenta uma por uma. Um dos moradores não tem todos os dedos da mão direita . Justamente a mão que as pessoas usam para cumprimentar. Nosso herói disfarça o nojo com um sorriso amarelo e distribui milhares de sorrisos amarelos impressos entre os velhinhos. Um( que não tem uma perna) comenta que vai fazer de tudo para votar esse ano.Isto é, se ele ainda estiver vivo .<br /><br />O nosso protagonista reza para morrer antes de precisa ir para aquele lugar.Ninguém morre porque quer. Não há saída. Na verdade, existe uma.<br /><br />Uma coisa interessante que eu estava notando enquanto escrevia esse último capítulo dessa reportagem em nove partes é que não situei o nosso personagem em nenhum horário específico. Vamos então dizer que o próximo paragrafo está situado as 17 horas da tarde.Estamos quase no fim. Não se preocupem. Este texto não será tão grande como os outros.<br /><br />Dezessete horas. Nosso protagonista visita o comitê eleitoral. Só há um outro homem sorridente lá. Ele comenta com o colega sobre a espanhola que executou nos peitos da amante. O feito soa como um feito e os dois começam a rir. As tarefas são verificadas. Todas foram realizadas com sucesso. Os dois se despedem. Antes de ambos irem para as suas, o colega comenta que sonhou com a maré transbordando, engolindo tudo.Depois desse sonho, ele não conseguiu mais dormir.<br /><br />O homem sorridente recomenda lexotan ao colega e sai.<br /><br />O dia do nosso herói vai chegando ao fim. Ao chegar em casa, ele come algo requentado. A família nunca foi de jantar toda na mesma mesa. Um bebê é incendiado na tv. No outro canal, a história de um casal que estava louco de amor. Ele fez uma canção sobre cada pedaço do corpo dela, o que foi bem conveniente, pois o corpo dela foi achado em mil pedaços debaixo de uma ávores debaixo daquelas ávores que eu sempre esqueço o nome.Ele muda o canal de novo. Uma reporter entediada com sotaque amapaense fala de uma carcaça negro de um cachorro morto que estava incomodando os habitantes do bairro. A camera foca o rosto do cachorro. Mesmo destruido, o rosto fita o espectador. O rosto do diabo.<br /><br />Nosso herói desliga aTV apavorado. Tenho vontade de abraça-lo e dizer que, infelizmente, não há nada o que fazer. Mas eu não posso. Não, não posso. Preciso da morte desses homens para adiar a minha própria morte. Ele olha o santinho e o candidato dá aquele sorriso que salvaria a alma de qualquer homem.<br /><br />Então, ele sorri de volta para o candidato.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-70321674593022855572010-07-30T09:47:00.000-07:002010-08-25T21:55:57.908-07:00Planeta Góes 8 de 9: O ex-agente cultural.<div style="text-align: justify;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;">Dedicado ao Satanás e a Camila Karina, as únicas coisas boas dos meus tempos de agente cultural.</span><br /><br />Sexta, 28 de março. Fui para casa de uma amiga e levei 10 reais para comprar vodka e skilhos. Na noite anterior, eu tinha recebido a pior das notícias e eu pretendia entrar em um profundo porre . Daqueles que eu não simplesmente não lembro por estar porre demais na hora. A festa ocorreu sem grandes excessos. Fizemos uma lasanha e depois todos dançamos ao som de Gretchen.<br /><br />Algumas horas antes, eu tinha escrito a primeira parte dessa incrivel reportagem em nove capitulos. Sobre um cachorro que eu encontrei estraçalhado na rua.O animal não saía da minha cabeça, não deixava de me perturbar, nem durante o meu sono. Pela manhã, acordei com umas urticárias estranhas embaixo do braço.Liguei para um primo meu que está se formando em medicina e ele disse que existe um numero infinito de possibilidades para surgir urticária nas pessoas.<br /><br />Meu primo me ensinou o<span style="text-decoration: underline;"> ABC </span>do melanoma. Eu decorei e ficava repetindo todas as noites antes de dormir. Um dia, eu poderia ser a vitíma ou qualquer pessoa que eu conheço. De qualquer forma, eu seria útil.A pessoa antes de morrer, poderia ouvir da minha boca o que era a doença dela e isso me tornaria especial .Meu primo sempre se preocupou demais comigo.Alguns meses antes, ele me ligou:<br /><br />Ele: "E aí, primo?"<br /><br />Eu: "Tô bem, apesar do meu drama pessoal."<br /><br />Ele: "Qual deles?"<br /><br />Eu: "O de sempre."<br /><br />Ele: "Qual é mesmo?"<br /><br />Eu:" Tu sabe."<br /><br />Ele: "Sei?"<br /><br />Eu : "Sabe."<br /><br />Ele: "E a pandora?"<br /><br />Eu: "Ela está bem"<br /><br />Ele: " Tá estagiando?"<br /><br />Eu: "Não, mas sou agente cultural"<br /><br />Ele: "O que é isso?"<br /><br />Eu: "São pessoas que zelam pela cultura. Eu escrevo uns textos para um blog falando de bandas, editais de cultura e coisas assim.Eu ajudo em umas festas também. É legal. Me sinto útil"<br /><br />Ele: " Que bom, Igor. Mas não acho isso compatível com o teu comportamento. Isso te dá algum retorno financeiro?"<br /><br />Eu: "Não, não dá esse tipo de retorno, primo. Eu não preciso de retorno financeiro.Além do mais, eu estou conhecendo muitas pessoas novas que me ajudam no meu crescimento como pessoa. Tu ia gostar, primo. Tu ainda tem aquele violão? As pessoas que eu trabalho gostam muito de violão, elas tocam de forma doce e despreocupada."<br /><br />Ele: "Eu destruí o meu violão. Com uma faca. Uma corda arrebentou e feriu o meu rosto. Eu queimei os restos. Aquele instrumento não ajudava no meu crescimento profissional."<br /><br />Bem, eu desliguei o telefone logo depois. O meu primo sabe como encerrar conversas.Ele é bastante pragmático e correto.Bem, vamos voltar ao assunto do primeiro paragrafo. É necessário antes que eu recontextualize o leitor no texto novamente. Essa é uma regra para um bom texto jornalistico: Sempre relembre o leitor do que você está falando, pois ele tem uma péssima memória.<br /><br />Eu estava em uma festa, bebendo vodka e comendo lasanha.Estavamos jogando baralho, quem perdia no jogo tinha que virar a vodka. Eu sempre ganhava. "Que sorte terrível e na hora errada. Eu me odeio". Acabei tomando a bebida de quem perdia e de quem ganhava.Eu estava tonto e louco. Adoro andar bebado e refletir sobre o meu drama pessoal e foi o que eu fiz.No caminho, eu ia despejando o meu horror existencial em tudo o que eu visualizava.No supermercado Favorito, na caixa d'agua do buritizal, nas crianças e tudo o que eu lembrava.<br /><br />Um palhaço( um profissional palhaço, não uma pessoa engraçada) me parou e perguntou se eu podia ajudar ele a divulgar a peça que ele estava fazendo para ajudas crianças com câncer.Eu peguei no ombro dele e disse que a minha tia morreu de câncer. Perguntei como ele tinha descoberto isso, justamente naquele local tão escuro, tão sombrio onde o horror e a mágoa eram os meus únicos companheiros.Eu ri para ele e o abracei. Ele me abraçou também. Eu disse que poderia ajudar a divulgar a peça dele e tudo mais.Ele me perguntou se eu ainda me reunia no Espaço Aberto. Não, eu não me reuno mais no Espaço Aberto, eu disse a ele.Como são essas crianças? Elas são terminais? Devem ser,né? Eu sei o Abc do melanoma. Eu sei como começa, eu sei como termina. Elas podem rir agora, mas amanhã elas vão estar encaroçadas demais para rir.<br /><br />Algumas vezes, o caroço cresce no rosto. Ele fica imenso. O fedor é insuportavel. Do que vai adiantar essa peça? Do que vai adiantar se degradar por aí, vestido de palhaço? Do que vai adiantar abordar gordos bebados no meio da rua? Do que vai adiantar se reunir para falar da sua peça? Você devia se vestir de branco e fazer campanha para eutanásia. Sim, seria melhor para essas crianças. O palhaço me olhou com nojo e repulsa e eu vomitei em resposta.Virei de costas e continuei a minha andança pela rua.<br /><br />Um carro passa rua, umas pessoas chamam o meu nome. Eu pedi do fundo do meu coração para que elas morressem.Fechei os olhos e visualizei os corpos deles nos destroços.Caldo de sangue.Muitos pedaços. Algumas pessoas chorando, outras socorrendo. O palhaço do câncer com a roupa melada de sangue tentando puxar o braço de alguem. O braço sai, a pessoa não. Um cachorro preto esfomeado e sedento bebendo o sangue deles. Isso, eu pagava para ver. Por isso, eu me reuniria de novo no espaço aberto. Não, isso não é um bom pensamento. Caia na vala, seu miseravel.<br /><br />E eu caí. Literalmente.<br /><br />Não acreditei na cena; não acreditei na dor; não acreditei no inchaço que estava começando a formar no meu tornozelo. Liguei para emergência. 911. Nada. Não era esse o número. Esse é o número dos EUA. George Clooney não poderia vir tão longe de mim para me ajudar. Liguei para minha mãe. Ela me mandou um taxi me buscar. O taxista estava ouvindo uma música, a tradução vinha logo depois da frase.Que cafona. Eu quero morrer. Eu preciso morrer.Antes que esses favelados peçam mais músicas.Músicas com tradução simultânea. Preciso morrer de câncer. Melanoma. Eu sei o ABC do melanoma. Essa doença me deve uma morte dolorida. Isso seria um show bom para se ver. Sim, se o palhaço do câncer me pedisse para promover esse espetaculo, eu faria com muito, muito prazer. Eu, inclusive, reuniria no Espaço Aberto de novo.<br /><br />Cheguei em casa. Pulando de um pé só. Deitei no sofá. O quadro sem eira, nem beira que ficava na nossa sala passou a ter sentido de mim. Um rio.Correndo ao contrário. Os bois tentam beber da água amaldiçoada, mas a velocidade da água mutila os seus focinhos. Meu avô falou de um primo distante dele que cuidava do gado em uma fazenda. Mudando os bois de lugar. Do alagado ao seco. Durante a travessia, os gados começaram a cair. Algum mal desconhecido os fez cair, mas não os matou. Uma doença terrível. Seria câncer? Não, câncer não é contagioso.Isso eu posso afirmar. Eu sei o ABC do melanoma. Eu conheço o câncer.Era uma ferida aberta que crescia no abdomem.Não era câncer.<br /><br />O bois passaram a noite urrando de dor. A dor fazia os esfincteres relaxarem. O gramado estava cheio de merda.Os homens se dividiram para sacrificar os bois. Um tiro na cabeça de cada boi e quando acabasse a munição, o jeito era usar a faca.Essa tarefa lhes custou a noite inteira e um pouco da manhã.Quando terminaram, um deles desatou a chorar, disse que tinha sonhado com isso na noite passada. Um sonho turbulento.<br /><br />De nada adiantava, os bois estavam mortos. A grama suja de sangue. A minha perna estava quebrada.<br /><br />Fui levado para o pronto socorro.Meu tio me levou. Saí saltitando do carro até umas cadeiras de rodas que estavam na frente. Duas pessoas me ajudaram a chegar na cadeira. Me sentei aliviado por não forçar mais a minha perna direita. Fui levado para emergência. Uma médica sonolenta me atendeu. Olhou com desinteresse para o meu inchaço. O braço dela tinha uma mancha estranha. ABC do melanoma. A de assimetria. Será que é o caso dessa mancha? B de borda.Não, não pode ser.Nem tudo é câncer. A médica me passou um injeção de cataflam e mandou tirar um raio-x da minha perna.<br /><br />Fui para uma pequena fila na hora da radiografia. Na minha frente, um homem com aqueles negócios de por no pescoço de pessoas quebrada. Um policial o interrogava e o homem mal conseguia responder as perguntas. O policial o cutucou com o cacetete e ele gemeu de dor. Eu esperei ele entrar na sala de raio-x temendo ter que deitar na mesma maca que ele para tirar o raio x e foi o que aconteceu. A mulher do raio-x posicionou o meu pé da forma desconfortavel possivel para a chapa que saiu errada duas vezes.<br /><br />"Ele quebrou a fíbula",explicou a médica como se estivesse falando de uma verruga qualquer. Olhei desesperado para o meu tio para saber o que osso era esse e ele me explicou que não era um osso tão importante e que em dois meses, eu estaria andando de novo.Dois meses. Eu fechei os meus olhos e pensei no horror que eu teria de enfrentar pelos próximos meses.Fui levado para ser imobilizado. Uma enfermeira de expressão nula me ajudou a por em uma maca. Ela conhecia o meu tio.<br /><br />"Meu Deus! Olha o tamanho desse menino! Nós temos uma fazenda na estrada que tem vacas do tamanho desse menino. Meu Deus. Muita obesidade.Coloca ele aí. Meu Deus, a maca rebaixou quando ele se encostou.Lá em cima tá cheio de gente, espero que ele não precise ser internado. Muita briga nesse sábado. Essa cidade está naufragando. Eu não aguento mais.Levanta a perna.Pelo menos, eu fui transferida da maternidade. Quinze partos por dia. Essas meninas não sabem se lavar. É cada paca.Não mexe a perna,menino. Não sei o motivo disso, eu morro de pena dessas crianças. Elas fedem muito. Eu fico imaginando em latrina suja elas foram feitas. O cheiro de peixe podre do esperma e esse monte de vagina podre. Meu Deus. Pronto, pode se levantar"<br /><br />Foram dois meses, dois longos meses. Olhando pela janela, tomando banho sentado, odiando cada pessoa a minha volta com mais intensidade do que eu jamais senti na minha vida.Imaginei o palhaço rindo de mim. Ele e as crianças cancerosas. Todos eles no Espaço Aberto. Os dedos, cheios de tumores, apontando para mim. Oh sim, isso era um show bom de se ver. Minha depressão fazia o gado morrer, as flores secarem, as crianças chorarem. Minha mãe não suportou e me enviou para a casa do meu pai. Passei 15 dias lá.<br /><br />Um amigo dele perguntou do meu pai se eu estava estagiando. Meu pai disse que eu era agente cultural. O que é um agente cultural?. Meu pai respondeu que são pessoas que ajudam tocadores de violão, hippies e dançarinos. O homem perguntou onde eu fazia essas coisas e o meu pai respondeu que não sabia, pois não falava comigo o suficiente para saber da minha vida. O homem disse que isso era triste. Meu pai concordou.Ele disse que tentaria fazer comigo um serie de programas para diminuir o meu tédio e quem sabe, nos reaproximar.<br /><br />Ele tentou. Nós fomos em família para um terreno muito muito longe naTessalônica.Chovia muito na época. Meu pai nunca foi de falar e quando eu estou perto dele, eu dificilmente falo. Não é lucrativo. Silêncio ajuda a me manter livre do julgamento dele sobre as coisas, sobre o que eu sou, sobre quem eu me tornei, sobre o que vai ser da minha vida. No nosso caminho, algumas pessoas passavam com vestidos até o chão. Eram crentes, meu pai explicou com um sorriso de escárnio no rosto. Eu fiz uma piada sobre crentes e ele me repreendeu. Não é bom rir da crença alheia.No meio do caminho, ele me perguntou que papo era esse que eu queria morrer.Eu disse a ele que era verdade, que eu não via mais sentido em viver. O mundo é terrivel demais, pai. As pessoas são más, terríveis.Eu sou uma piada.A minha existência é uma piada. O que passarei aos meus filhos? Qual será o meu legado?<br /><br />Ele disse que isso dependia de mim. Todo homem constrói o seu legado. Eu disse a ele que o meu legado já estava destruído e que eu queria apenas morrer. A maré destruiu tudo. Ele me perguntou se eu já tinha tentado me matar. Eu disse que não. Se a morte viesse, seria por conta própria. Ele me perguntou meu emprego de agente cultural. Eu disse que não era mais. Ele perguntou pela minha empolgação por ajudar as pessoas que eu exibia para todos. Eu disse que era falsa, eu entrei naquele circulo de idiotas por outro motivo. Qual motivo? Eu me calei e depois ri. Perguntei a ele se as pessoas acreditavam nessa minha vontade filantrópica de ajudar artistas esfomeados. Eu sempre soube que todos eles iam fracassar. A vida é perversa demais. O horror dessa cidade iria afogar aqueles artistas, aqueles jovens cheios de alegria com aqueles instrumentos se tornando reis de alguma coisa por um breve momento. Todos iriam esquecer daquilo um dia. Todos iriam fracassar. Um dia, eu iria encontrar eles por aí. Alguns deles formados, outros em alguma oficina , trocando pneus.Nada dá certo na cidade, nada funciona, nada cresce, nada floresce. E, de certa forma, eu gosto disso. Eu gosto do fracasso alheio. Eu gosto do meu fracasso. Me faz sentir vivo como poucas coisas.<br /><br />Ele me perguntou por que eu passei tanto tempo discursando a respeito de ser um agente cultural, se eu pensava dessa forma tao terrível. O terreno da tessalônica é cheio de subidas e descidas. Os evangélicos daquela região permanecem isolados do resto da sociedade. A fé é o principal recurso deles. É o que alimenta os filhos, é o que faz as crianças correrem, as mulheres lavarem a roupa no rio e tambem é o que mantem a sanidade em um lugar tão isolado. Tão distante de tudo.<br /><br />Meu pai lembrou de uma familia de crentes que morava do lado da casa deles. Eles tinham duas filhas. Elas cantavam no pátio, louvando Deus por todo o milagre que ele havia feito nas vidas deles. Um bom pai. Uma boa mãe. Uma boa casa. Uma das filhas precisou viajar para longe, para recife, eu acho. Ela passou um bom tempo deprimida lá, sempre escrevia para os pais, falando da falta terrível que eles faziam a ela. As férias de julho eram aguardadas pela familia. Todos estariam juntos. Não aconteceu. A moça foi assaltada, espancada, estuprada e assassinada.<br /><br />A familia partiu da vizinhança dos meus avós para alguma outra cidade. Eles estavam acabados.<br /><br />Alguns anos depois, o pai das meninas visitou o meu avô. Eu tinha oito anos. O homem contou de um terreno que eles tinham no nove. Nesse terreno, havia uma plantação de tomates.Quando a mocinha morreu, eles deixaram o lugar aos cuidados de ninguem. Agora que eles estavam de volta a Macapá, o local continuava como estava. A plantação de tomates intacta, porem mais selvagem. Ele fez um gesto com a mão para mostrar o tamanho do tomate.<br /><br />É um milagre, ele disse. Nós concordamos.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div></div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-59548139478875074532010-07-25T12:05:00.000-07:002010-07-27T17:02:30.302-07:00Planeta Góes 7 de 9: O pássaro negro<div style="text-align: justify;"><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link style="font-family: georgia;" rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link style="font-family: georgia;" rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link style="font-family: georgia;" rel="colorSchemeMapping" 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Ele não tinha uma perna e um braço, mas tinha uma tatuagem feita com tinta verde com a frase: "Na torturas, toda carne se trai".
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<br /></span><p style="font-family: georgia; text-align: justify;" class="MsoNormal">Relendo os posts anteriores dessa incrível matéria em nove partes, percebi que falei pouco do nosso ex-governador Waldez Góes e das terras tucujús. Erro meu. A coisa descambou para outro lado; isso é um erro fatal para um jornalista, pois devemos ser objetivos e concisos. Jamais vou conseguir esse objetivo, pois tenho uma falta de atenção patológica e nem tenho vontade de escrever textos jornalisticamente corretos. Eu odeio essa profissão e me odeio também.
<br />
<br />Mas preciso seguir com algumas coisas pré-estabelecidas ou me perderei para sempre. Bem, por isso, deixarei de me incluir tanto nas coisas que ando escrevendo e deixarei os fatos fluírem por si próprios.
<br />
<br />Nosso post começa com um dia que eu estava perdido andando por Macapá. Eu estava meio ébrio e as minhas faculdades mentais estavam meio confusas, mas isso não me impediu de visualizar dois homossexuais trocando carícias de cunho sexual, encostados em um carro. Tive vontade de chicoteá-los com o chicote do cristianismo e dos bons costumes, mas preferi bater um papo racional com eles.
<br />
<br />Não tenho nada contra gays. Chamaram-me de gay a vida toda. Teve vezes que quase aceitei essa realidade e me conformei. Seria bem mais fácil. Minha mãe comentou um dia desses que eu tive a sorte de nascer branco e que se eu virasse gay, eu ainda teria mais chances na vida de que três quartos da África.Um belo argumento,não?
<br />
<br />Então me tornei gay. Gay por 3 meses. Minha única experiência nesse estado foi alugar um filme pornô com uns caras tocando tambor com o pau. Aluguei o filme, meu coração cheio de culpa, e fui para casa. Pus o filme no DVD. Um som tribal invadiu a sala.Um homem apareceu escorado em um tambor com outro homem pregado nele. Foco no pênis, as veias pulsando.Enquanto era penetrado frenéticamente, o moço do tambor gritava o nome do Deus de Isaac, Abraão, Jó.
<br />
<br />Algo naquele filme era verdadeiro. Não eram os gritos de prazer, nem a iluminação malfeita no rosto daqueles atores. Na verdade, eu não sei o que era. Acho que não era nada. Os gays desses filmes devem limpar a bunda, vestir uma roupa e beijar o seus filhos, frutos de um casamento hetero.
<br />
<br />Deus não deve odia-los, mas me odeia.Depois de ver o filme, eu vi que não queria mais ser gay e agir de uma forma tão séptica na hora do amor.Deixei de ser gay, fiquei a deriva. O horror e mágoa, meus únicos companheiros. As ondas da depressão me carregando para mais fundo do mar da destruição, naquela parte que sempre tem tubarões. Os pequenos peixes da angústia adentrando o meu ânus de forma frenética e eu sem poder reagir.
<br />
<br />Voltando aos homossexuais do parágrafo anterior. Eles foram gentis comigo. Até demais. Sou extremamente inconveniente porre. Um deles me contou que não estava se sentindo muito bem naquele dia e ficou mexendo nos botões da camisa. Eu fiquei olhando para a rua. Para o cemitério do Buritizal. Quebrei a minha perna lá na frente. Dois meses de confinamento. Eu ainda volto lá.Observo o buraco onde eu caí. Refaço os meus passos, mas não consigo cair de novo.
<br />
<br />Disse aos rapazes que eu não queria mais importuná-los. Um deles revirou o olho de forma aliviada.Eu perguntei qual era o motivo da revirada. Ele disse que não me interessava. Eu expliquei a ele que como a revirada aconteceu depois que eu concluí a minha oração, eu merecia saber. Ele mandou eu me foder. Eu pedi que ele fizesse o mesmo. O parceiro dele me apontou o dedo.Eu disse para ele meter o dedo na bunda e expliquei aos dois que sentia pena de viados.Os dois riram de mim e me chamaram de enrustido. Contei a eles que já fui gay durante um período da minha vida, mas desisti ao ver um filme pornô. Um deles me recomendou um psicólogo. Não preciso disso. Nunca precisei. Ambos riram.De novo.De novo. O riso se tornou uma gargalhada. A gargalhada se tornou uma convulsão.
<br />
<br />Um deles, me falou do avô que passou a vida batendo punheta escondido da esposa, dos filhos, do churrasco de domingo. Um dia, ele resolveu viajar para Belém do Pará. Alugou um apartamento com pouca mobília. Saía de casa apenas para comprar pão. Não fazia barulho, não cumprimentava os outros vizinhos. Durante a noite, ele deixava o apartamento e voltava com um odor repugnante. Os porteiros sentiam e comentavam com os outros vizinhos. Cheiro de quem levou pimbada. Como eles sabiam? Eles têm pimba, ora. Eles devem saber o odor. A lavadeira do prédio afirmou que sentia o odor nas roupas do velho. Um dia, ela encontrou sangue em uma cueca e mostrou aos demais moradores do prédios. Todos riram.
<br />
<br />Uma das vizinhas perguntou ao velho aonde ele ia durante a madrugada. Ele contou que ia visitar uma tia que sofria de uma doença que a sufocava enquanto ela dormia. Ele sempre colocava a tia sentada para ela não se sufocar com a saliva e ela agradecia a ele infinitamente. A vizinha o encarou com dúvida, mas fingiu que acreditou.Depois, ela comentou com os outros vizinho e acrescentou detalhes. Havia algo branco preso no cabelo dele, ela disse. Todos riram, eu ri também.
<br />
<br />Alguns meses depois, o velhinho foi encontrado morto. O cheiro era mais insuportável que nunca.
<br />
<br />Eu indaguei com o rapaz homossexual se ele pretendia estabelecer paralelos do avô bicha dele comigo. Sim, ele pretendia e estava fazendo. Me senti meio ofendido e comecei a chorar. Os dois viados riram. O riso virou uma gargalhada. A gargalhada virou uma convulsão. Disse aos dois que eu estava ficando irritado. A convulsão virou algo pior e eu saí de lá humilhado. Rezando para que um meteoro caísse na minha cabeça( não pela última vez nesse post).
<br />
<br />Voltei para casa com o meu coração destruído. O horror consumindo a minha alma. Cheirei as minhas roupas para ver se elas fediam a rola. Não fediam. Sempre fui muito cheiroso. Ainda bem. Cheirei o meu guarda roupa também. Sem cheiro. Tomei um banho. Dois banhos. três banhos. Acabei um vidro inteiro de álcool gel no corpo. Todos os poros ardiam. Álcool gel é recomendado apenas para as mãos.
<br />
<br />Dormi agoniado. Acordei angustiado.
<br />
<br />O sol ainda não havia chegado.
<br />
<br />Me dediquei a numerar os meus livros.Numerar essas porcarias não serve de nada.Nunca serviu.No meio dos meus papéis, achei um santinho com a cara do ex-governador Góes e embaixo, o numero 12.Um sorrisinho imbecil.A oleosidade do rosto acentuado por algum iluminador incompetente. Meu avô diz que esse homem é corno. Meu pai diz que ele é otário. Minha mãe diz que ele é gay. No entanto para cada parente idiota meu, existe um milhão desses santinhos. Se ele quisesse, ele poderia afogar a minha família com quatro toneladas de santinhos inexpressivos.
<br />
<br />Vou me masturbar com essa foto, eu pensei. Vou sujar a cara desse merda com o meu esperma infecto. Vou macular com o meu esperma esse sorriso imundo. Quero que ele morra, depois de pensar nisso, bati numa mesa. Acabei adormecendo. O despertador da minha casa é o rádio da empregada, sempre acordei com essa merda terrível. Mesmo quando mudamos de empregada, o único legado entre elas era esse maldito rádio imbecil.
<br />
<br />Nesse dia, a minha mãe chegou em prantos em casa. Um amigo antigo dela havia morrido. Davi era o nome dele. Eles foram namorados na infância. Ele resolveu ir para São Paulo e ela não quis deixar Macapá.Fora da nossa cidade, ele teve uma vida promissora, recebíamos diversas cartas dele, algumas acompanhadas de fotos. Nessas fotos, o sol refletia os seus raios no esmalte dos dentes daquele homem. Foi câncer, sempre é câncer. Ele chegou naquela noite. Caixão fechado. Os filhos não quiseram vir. O pai do morto explicou que ele tinha tido alguns problemas de ordem mental nos últimos anos. Ser filho dele não era mais orgulho.
<br />
<br />Não quis ir ao velório. Defuntos são todos iguais. A minha mãe me deixou na casa da minha Vó.Ler todas as linhas desse blog não é tão dramático quanto passar 10 minutos com a minha Vó materna.Ela explana todo o sofrimento de ser uma senhora aposentada nesse mundo super cruel;de como as galinhas que ela cria no quintal estão demorando a botar ovos; de como uma calha tão cara ,como a da casa dela, vive entupida; de como eu estou gordo; de como é ruim ter 70 anos; de como é ruim fazer fisioterapia sem morfina(!) e de como ela se odeia e quer morrer.
<br />
<br />Odeio gente dramática.
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<br />Meu avô lia um livro embaixo do jambeiro.Quando eu comecei a criar consciência da minha vida, essa árvore já existia. Meu avô a plantou quando o meu pai tinha uns seis, sete anos.No pátio de lá, tem uma mangueira também que foi plantada depois do jambeiro.O livro era sobre o profeta João Batista.
<br />
<br />Filho de Zacarias e Izabel, ele sempre foi uma criança abençoada. Morou no deserto. Livre do pecado, da vida mundana, do horror do sexo. Batizou Jesus Cristo. Acabou decapitado. A cabeça numa bandeja. Eu, particularmente, gosto desse profeta.
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<br />Meu avô fechou o livro que estava lendo e começou a conversar comigo. Ele lembrou do tempo que morou na vila do Amapá. Onde tudo era mato e mais mato. Naquela época, o mundo ainda tinha mistérios. Meu avô trabalhava como pedreiro. Passava três, quatro meses fora para conseguir alguma miséria para os filhos. Minha Avó era professora.
<br />
<br />Durante essas viagens, eles ficaram em lugar particularmente alagado demais.Dormiram muito mal com mosquitos enchendo o saco a noite inteira.A maloca que eles estavam era cheia de goteiras.Dormir não era uma boa idéia e eles não dormiram. Ficaram em uma conversa sem fim sobre as coisas do mundo. Foram interrompidos por um barulho estranho no mato. Uma cantoria.
<br />
<br />Umas pessoas estavam passando por lá, em procissão. As imagens eram a de Jesus Cristo e de um pássaro preto coroado. A imagem de Jesus era bem diferente do habitual, ele não estava ensangüentado, agonizando ou algo do tipo. Ele usava uma coroa, o manto era vermelho e dourado. O olhar era penetrante, destruidor, maligno.
<br />
<br />No entanto, Jesus não era a imagem daquela procissão. Era o pássaro preto.Imenso. Era necessário quatro pessoas para suportar o peso. Nas garras do animal, havia varias fitas vermelhas com nome de pessoas e alguma coisa escrita. Meu avô não pode ler, ele era analfabeto.
<br />
<br />Os pés das pessoas estavam sujos de lama. As expressões dos rostos estavam cansadas. Eles deviam estar naquilo há varias horas. Meu avô e os pedreiros ficaram horas olhando para a procissão. Quando ela sumiu no mato, a chuva parou. O sono veio e eles dormiram.
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<br /> <!--[endif]--></p> Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-33053464581862006962010-07-02T19:56:00.000-07:002010-07-15T16:38:00.211-07:00Planeta Góes 6 de 9: Amantes de criancinhas.<div style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;">Dedicado a minha eternamente amada amiga Jenifer Nunes que ,quando canta ,faz voz de criancinha.</span><br /><br />Eu, minha irmã, meu irmão bebê e o meu pai fomos a uma padaria tomar café da manhã. Era um programa desagradável. Muito.Muito mesmo. O meu despertar é sempre conturbado.Assim que eu abro os olhos, o meu estômago começa a doer, o suco gástrico vai parar na minha língua; o gosto escroto me dá causa ânsia de vômito; meu peito acorda chiando, devido a asma; minha garganta acorda seca e seriamente irritada.Uma lista longa, bastante longa. Sempre que íamos a padaria, eu não conseguia me curar de todos esses sintomas matutinos.Daí o meu mau humor matutino era dobrado.<br /><br />Meu irmão ainda era bastante bebê na época. Fruto do terceiro casamento do meu pai, é o irmão fora do casamento que eu mais tenho contato.Quando ele era bebê, esse contato era maior.Hoje...Nem tanto. A mesa que o meu pai escolhia ficava de frente para a rua, o que me causava muito constrangimento e preocupação com a sepsia do alimento que eu estava ingerindo.Meu corpo não é um templo, mas não é lixeira. O bom rapaz deve sempre cuidar do seu corpo. Não sou um bom rapaz, sou obeso.<br /><br />Perto da nossa mesa, estava um homem solitário. Ele aparentava ter 35 anos. O rosto era muito oleoso, realmente oleoso. A pele era morena.Ele usava uma camisa com consistência de meia-calça feminina(Nossa, que bom que não fabricam mais esse tipo de roupa). Ele estava inquieto. As pernas não paravam embaixo da mesa. Quando a minha madrasta passou com o meu irmão no colo, ele fez questão de cumprimenta-la pelo filho cheio de saúde que ela carregava.Ele riu para mim e eu desejei que ele morresse(desejo isso a todos quando eu acordo).<br /><br />Começamos a comer a nossa refeição. Meu pai começou a lembrar que eu era uma criança obesa e que eu não devia comer tanto. Eu disse a ele que eu era gordo por causa do corticóide. Ele retrucou dizendo que eu era gordo devido a minha falta de vergonha.Eu levantei a hipótese de que a minha falta de vergonha poderia ser hereditária, uma vez que ele tinha sido um calhorda com a minha mãe. Ele não aceitou a minha hipótese e me explicou que eu iria apanhar devido a minha insolência.Eu expliquei a ele que eu não iria sentir tanto o efeito das palmadas pelo simples fato de eu conseguir isolar as sensações de humilhação que causam o choro na hora que as pessoas apanham dos pais. Nossa discursão foi interrompida por um caminhão da tropigás que fez um barulho estrondoso quando passou por cima de um buraco.<br /><br />Minha madrasta perguntou quem era o homem da camisa de meia calça. Meu pai explicou que ele era um pedófilo, um animal, um fracassado e que trabalhava em uma gráfica. Provindo de uma família numerosa, ele constantemente abusava de seus irmãos menores que , apesar de violados sexualmente, não contavam nada para ninguem. Coisas de família. No entanto, as criancinhas foram crescendo. Sem ter com o que se divertir em casa, o rapaz comprou um playstation.<br /><br />Na posse de um bom videogame, a casa dele começou a ficar lotada de meninos de 12 anos para baixo. Destituídos da maldade dos homens grandes, os rapazes eram constantemente boqueteados.A cama era de casal. Daí enquanto, um rapaz passava por uma selvagem fase no crash bandicoot, outro era possuído para esperar o tempo. Apesar disso, não foi dessa vez que o amante de criancinhas foi pego.<br /><br />O governo Góes assumiu em 2002. Eu ainda lembro dos fogos na vizinhança. O governador Waldez era uma esperança azul para os dias sombrios do ex-governador Capi. Apesar desse ar mítico, eu não conseguia ver grandiosidade naquele homem narigudo, de sorriso torto e cara de masturbador de onças do zoológico da fazendinha. Apesar da cara de banana, o novo governador foi devastador. Os cargos antigos e ociosos que os amarelos ocupavam na era Capi foram dados a outras pessoas. Novas secretarias surgiram. No lugar do populismo bobo da era capi, o novo governo procurava um novo padrão de competencia na prestação de serviços. O CAP( atual superfácil) é um desses. SOJA. No lugar da exportação de coisas demodê como o açaí, a SOJA marcava um novo governo que pouco se lixava para coisas da terra e procurava um novo padrão comercial.Com razão, eu acho. Sempre achei a amapalidade meio cafona.<br /><br />A familia do nosso personagem principal( o pedófilo, não eu) foi uma das que sofreram com essa nova era. Sem os bons cargos do antigo governo, eles tiveram que se mudar para um bairro da zona norte. Além da mudança de um local para outro, mais algumas despesas foram brutalmente cortadas. O playstation do nosso personagem foi um desses. Para se sustentar nesse mundo imundo, ele teve que trabalhar em uma mecânica. Lá, ele cuidava dessas coisas que envolvem pneus. Encher, secar, emendar. Coisas do tipo.<br /><br />Durante a noite, ele virava uma pantera e saía para badalar na orla da cidade. Alvo: vendedores de amendoim. Ele os reunia em um local bem escuro e comprava o amendoim dos meninos, em troca, ele lambia os umbigos das crianças. Como rendia bastante dinheiro, a procura pelo nosso protagonista foi bastante grande. Algumas crianças barganhavam outras partes do corpo para serem lambidas em troca de um valor maior de dinheiro.O pedófilo aceitava, as crianças aproveitavam. Aproveitando do espiríto empreendedor que o novo governo propagandeava, elas passaram a se produzir com mais sensualidade.<br /><br />O menor H dizia que era muito normal que as crianças se lambuzassem de óleo para definir melhor os seus corpinhos infantis. O pedófilo, no entanto, preferia as que tinham aquela barriguinha que toda criança tem.Se tem algo que o leitor concorda com o nosso protagonista é que criança adulta é vulgar demais.Eu concordo nessa parte tambem.<br /><br />As crianças então passaram a aproveitar da inocência do nosso protagonista. As lambidas passaram a ser cronometradas, quando o tempo era ultrapassado, o pedófilo recebia tapas violentos na face. Uma vez, um rapaz de 8 anos, com o nariz escorrendo, tirou sangue das narinas do nosso protagonista por ele passar 2 segundos do tempo previsto. Lamber umbigos deixou de ser prazer, virou um suplício.<br /><br />Suplícios são coisas dolorosas. Um asmático, igual a mim, precisa de oxigênio. Um diabético de insulina. Um pedófilo precisa de um corpo infantil para descarregar a impureza do seu corpo. Quando eles não conseguem, o esperma pulsa selvagemente em seus orgãos, o fluído torna-se um algoz. Pulsando loucamente, trazendo dor , desespero e outras coisas parecidas. Quando o dinheiro do amante de crianças começou a rarear, a dor surgiu. A area entre o pênis e o ânus passou a ficar tão dolorida que ele mal podia andar.<br /><br />Bem, ele não podia se masturbar? Sim, ele podia.Todos nós podemos. A única liberdade do homem é poder causar a sua própria ejaculação.Todos nós, homens, sabemos disso.Ele, um verme, tambem sabia disso. Eram manhãs intermináveis.Quando ele conseguia, o esperma vinha acompanhado de sangue. Ele engolia ambos e rezava em desespero para que o Deus de Abraão abreviasse a sua dor. Não importa de forma fosse.<br /><br />Sem sucesso. Essas preces nunca dão em nada.<br /><br />As crianças passaram a se enjoar dele. Um dia, uma o denunciou a um policial. Ele apanhou no camburão. Apanhou na cela da cadeia. Apanhou dos outros pesos.Um dos presos meteu um cabo de ferro no ânus dele e depois comentou com os companheiros de cela que o sangue do animal era vermelho como o dele. Todos riram. Um deles, um assassino confesso, se defecou pois não conseguiu controlar o esfincter.<br /><br />O tempo passou. Sempre desconfio da passagem parcial do tempo. As vezes muito rápida, outras devagar demais. Mas o nosso protagonista foi libertado e foi parar na mesma padaria que eu. Agora existe um problema sério aqui. Não consigo mais retomar o inicio do texto. Isso me irrita.Demais.<br /><br />Um dia desses, eu vi uma lagartixa soltando o rabo para despistar algo que eu não sei exatamente o que era. Devia ser um sapo. Sapos comem esses bichos? Acho que não. Sapos comem mosca. Na verdade, eu não sei de nada e nunca vou saber.</div>Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-36595518799501617602010-05-18T09:13:00.000-07:002010-07-29T19:04:52.857-07:00Planeta Góes 5 de 9: Dois textos sem fim<span style="font-family: georgia;">A minha familia paterna começou a habitar o conjunto açaí lá por volta de 1997. Não sei a data certa.Os terrenos eram incrivelmente baratos, dava para comprar dois ou mais sem grandes arrombos financeiras. Bem, o lugar era distante. Bastante distante. No entanto, logo os tentáculos mal desenvolvidos da cidade iriam chegar no lugar. A zona norte da cidade sempre me causou uma curiosidade. Afinal de todas as 4 partes da cidade é a que se desenvolve mais loucamente.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: georgia;">Minha mãe ganhou uma casa no conjunto infraero. Pois ela trabalhava para o bicentenário Barcellos. Desabrigamos uma familia pobre. Quem se importa? Eu não me importo. A fiação elétrica do bairro infraero era caótica. Os fios embolados de forma caótica pareciam prestes a explodir e matar o primeiro pobre coitado que estivesse pedalando embaixo deles.Passei apenas uma tarde nesse terrível novo endereço e chorei de horror e angústia.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: georgia;">Meu pai e os meus tios construíram casas realmente confortaveis no bairro açaí.Para a minha surpresa, o lugar realmente se desenvolveu. Hoje, existem mais ônibus para lá do que para a minha casa.Mesmo o meu bairro sendo tão lindo e os passáros cantarem de forma exótica e inocente. Um dia, um lindo passaro morreu na frente da minha casa. Vários morrem. Devido a fiação elétrica mal feita do nosso vizinho francês, um homem burro e decadente.Desconfiamos que ele matou a nossa cadela.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: georgia;">-------------------------------------------------------------------------------------------------------------</span>
<br />
<br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link style="font-family: georgia;" rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link style="font-family: georgia;" rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link style="font-family: georgia;" rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CIGOR%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> 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class="MsoNormal">A banda de rock foi formada nos anos 90 em Macapá. Era composta de 5 meninos. 4 da igreja que tocavam nos instrumentos costumam a usar e o vocalista, que é óbvio, cuidava do vocal.Este era viciado em alguma droga das baixadas amapaense, no entanto, Deus olhou fundo em seu coração e o recuperou de forma plena. “Se entregue a Deus” disse o próprio Deus.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Para ajudar na compra dos instrumentos, a mulher do baixista vendeu o feto que estava em sua barriga para experiências do núcleo de biologia da unifap.O projeto de bebê foi o suficiente para a banda comprar os primeiros instrumentos e começar a fazer cover da péssima Legião Urbana ( sim, minha opinião ainda está aqui nesse texto). Eles tocaram de forma louca nos bares amapaenses para as pessoas que gostavam de música como eles.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">O guitarrista foi o primeiro a sair. Ele explicou : “ A música não me fornece o alicerces adequados para uma boa vida com a minha esposa e a minha prole, eu hei de tentar fazer um concurso público” Ele tentou e passou. Os outros também tentaram e passaram. Essa ainda não é a banda de rock do nosso magnífico titulo.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">A outra banda de rock foi formada um pouco mais tarde.6 rapazes, um tocava uma linda harpa. Este, um dia, saiu para olhar a bela frente de sua cidade, o rio e tudo mais. O rio olhou para ele em desafio e ele pulou. As pessoas não morrem afogadas no rio amazonas.Não,não morrem.<span style=""> </span>As ondas provocadas pela correnteza do rio são tão fortes que espatifam as pessoas na parede do cais. Dessa forma, os miolos do pobre harpista voaram sobre os pedestres da linda praça beira rio.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">O satanás fez uma linda harpa com estes miolos.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">No entanto, esta não é a banda do nosso título. Sou um autor complexo e cheio de artifícios literários. O leitor esperava outra coisa desse texto, assim como esperava outra coisa da magnífica série Planeta Góes em nove fascinantes capítulos. Ele esperava que eu usasse do meu humor genial, do meu lindo dom de contar histórias para falar mal do seu vizinho. Jornalismo no fim das contas deve ser isso. Falar mal do seu vizinho. Eu falo mal dos meus vizinhos, no entanto, a parede do mundo que eu escrevo jamais deve ser violada. Pois ela ainda é uma das poucas coisas sagradas no mundo para mim.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">A outra banda de rock foi formada por jovens que conheceram a internet. Durou tempo suficiente para eles terminarem o ensino médio. O trompetista passou um tempo viajando pela Áustria e comprou um lindo livro negro. O livro, apesar de negro, descrevia lugares lindos e verdes. Cada capitulo era um nome de Deus. O nosso Criador tem diversos nomes. Como todo bom bandido e falsário. Um deles tinha uma vista parecida com a da sua cidade, na frente da cidade havia um lindo forte.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Mas onde ele morava havia um castelo. E ele se matou. Desculpe, eu realmente não consigo fazer um desfecho genial para cada personagem estúpido que eu crio. Repeti o recurso do suicídio e do concurso publico pois são os que mais combinam com a nossa realidade.Quem não se matou ainda, vai fazer concurso publico.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Não havia drogas onde eles moravam. Macapá no meu texto não possui drogas. Drogas nunca fizeram parte da minha vida. Apenas as lícitas. Adoro tomar lindos remédios coloridos, pois eles me fazem sentir parte de um grupo e, nas horas vagas, curam as minhas doenças.Minha mãe,recentemente, descobriu na minha gaveta, um bocado de papéis constrangedores. Entre eles, havia as magníficas histórias de jason, o pingüim.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Jason vivia na Antártida, um continente , que como todos sabemos, é muito frio. O iglu e o gelo no chão da sua cabana eram as únicas companhias do pobre Jason.No fim da história, Jason se suicida porque o gelo descongela . Mais um suicídio. Desta vez, minha mãe pensou que se tratava do meu. Bobagem. Eu não me suicidaria fácil. Adoro as coisas do mundo. Um dia desses, chorei quando descobri que estava vivo depois do surto de gripe suína. Deus é um cara abençoado e olha por mim. Mas eu quero que ele se foda.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Estou enjoado de escrever. Muito cansado. Por isso vou pular as outras 19 bandas que eu havia planejado descrever. Todos os membros se suicidaram. O sangue deles cobriu todo o rio Jarí. Todos se banharam nele de forma inocente e louca. O brilho escarlate emanava por toda a cidade. As lindas crianças do Jarí que estavam transando com os seus clientes pararam com o ato para ver o brilho. Todos nós choramos por eles. Todos nós gritamos de desespero. Todos nós rastejamos como lesmas e guinchamos como porcos e a aurora nunca foi tão triste.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Surgiu a ultima banda. A do nosso título. Dois irmãos a criaram. O bebê não chorou, pois nasceu decapitado. O pau mole e infantil ejaculava pus nas enfermeiras. O pus cheira a álcool, vocês já cheiraram? Uma vez, estava tão porre que pensei que tinha tomado pus , ao invés de tomar alguma bebida alcólica. Meu avô morreu com uma bola de pus gigante em seu abdômen. Minha vó lembra que os enfermeiros escarneceram da pústula. Uma explicou o motivo da piada, meu avô era um homem barrigudo, daí, a pústula parecia uma segunda barriga.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">Toda piada é engraçada, desde que o rosto do palhaço não seja focado. Imaginem, alguém que escorregou em uma banana. Vista de longe, a cena é impagável. Quando o rosto do palhaço é focado, surge a expressão de dor. Se um raio-x atravessar a carne do palhaço, ele revelará alguma fratura. Se a pústula estivesse no prato dos enfermeiros, ela não seria motivo de riso.Eu copiei essa linda passagem poética de um filme que eu vi.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">A nova banda formada pelos dois irmãos pretendia juntar todas as bandas em apenas uma. Os membros que sobreviveram, é claro. Todas iriam divertir as pessoas para sempre e prende-los numa redoma de amor e felicidade.Esse objetivo seria consolidado por um violino gigante que ficaria no centro da cidade.Todos riram da empreitada. Que deu bastante errado no início, no meio também . Um irmão culpou o outro.</p> <p style="font-family: georgia;" class="MsoNormal">“Não preciso de você, irmão. Nem do seu afago. Nem do seu olhar amigo.Nem da sua companhia. Irei esquecer você e a sua memória será como as folhas levadas pelo vento. E eu...”</p>
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<br />Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4420796072006169399.post-53160904047515523382010-05-06T22:38:00.000-07:002010-05-06T23:18:07.085-07:00Planeta Góes; 4 de 9: As lindas praças amapaenses.Meu avô nos contou um acontecimento terrível que ocorreu na praça nossa senhora de conceição(letra minúscula mesmo):Uma senhora foi espancada, estuprada e esquartejada. Problema dela. As pessoas nasceram para morrer esquartejadas mesmo, isso está marcado em suas peles. Gados do inferno, filhos do pecado, amantes do prazer efêmero, todos merecemos nada menos que isso.<br /><br />Enquanto a história era contada, foi questionado o que uma senhora fazia na madrugada, em uma praça tão escura como aquela, quase sem iluminação, sem policiamento. Choveram sugestões."Talvez, ela fosse uma velha, mas ainda possuía fogo no cu e estava procurando por um amante" indagou uma tia-avó minha que tem os dedos amarelados de tanta nicotina, tem três filhas e uns netos. "Ela devia vender droga, depois do caso da vovó do crack, todos são suspeitos explicou um outro tio meu.Como o amado leitor pode perceber, a minha família é cheia de detetives.<br /><br />Na verdade, estou cansado de falar dessa senhora. Ela devia estar praticando cooper.Um esporte na terceira idade faz muito bem. O corpo esquece que é velho graças a algumas substancias químicas liberados pelo cerébro, mas quando os muscúlos esfriam, a dor e a precariedade de viver por tanto tempo voltam. O ideal então para manter a forma é morrer aos 30 anos. Jesus morreu aos 33. Tiradentes tambem. Che Guevara idem(na verdade, eu não sei).<br /><br />O governo góes teve como destaque de atuação, a construção de lindas praças. O parque do forte, a primeira delas, me encheu os olhos quando eu vi.O campo verde, lindo, impecável que se estendia por todos os arredores da fortaleza fizeram meu pobre coração quase fraquejar de tanta felicidade. Estávamos livres, ao menos naquele lugar das desgraças do mundo.O vento cheirando a merda, que veio logo depois, me fez que lembrar que ainda moro aqui nessa ilha, nesse limbo.<br /><br />O vento fétido é uma mácula na orla de nossa cidade.Todas as pessoas lindas da nossa cidade se empilham diante do nosso lindo rio.O vento pestilento chega e lembra a todos que dentro dentro de nossos corpos só há merda e um dia, essa merda baterá no nosso rosto e nós vomitaremos toda a bebida e comida que compramos com o nosso dinheiro inútil.<br /><br />O bairro buritizal tambem foi presenteado com uma linda praça. O point possui um lindo parque, banheiros pagos( 50 centavos), alguns banquinhos a mais e lindos slogans de desenvolvimento.No meio da praça,imponente, está uma gigantesca caixa d'agua pintada de azul.Ela já foi cinza no passado e as pessoas se jogavam de lá para morrer no barro batido.<br /><br />Hoje, o cidadão suícida que morreu naquele lugar e está aprisionado lá para sempre, deve conviver com a felicidade das crianças(sempre falsas e dissimuladas), o transar apaixonado dos namorados(que fede a pecado) e todo o amor do mundo vivo.Tudo isso é besteira.<br /><br />Antes de morrer, o nosso cidadão suicida foi abraçado por um vento realmente forte e não tão fedido e enxergou um lindo coração no horizonte. Só depois de morto, que ele deve ter percebido que na verdade, este coração pertence a DOMESTILAR.Igor Realehttp://www.blogger.com/profile/16189031111648091286noreply@blogger.com2